A Polícia Federal apreendeu
1.101 cheques no escritório do advogado de Passo Fundo procurado pela Interpol por suspeita de ter prejudicado mais de 30 mil pessoas em um golpe milionário. Segundo os
policiais, os cheques somam R$ 23 milhões e deveriam ser repassados aos clientes. Segundo as investigações, todos os cheques assinados por Maurício Dal Agnol
tinham o nome dos supostos beneficiários. Entretanto, eles não foram repassados às vítimas.
“Causa surpresa o volume de cheques
encontrado no escritório. Neles, o advogado colocava observações de que as vítimas estariam mortas”, diz o delegado Mário Vieira, da Polícia
Federal. Alguns tinham ordem de cancelamento junto ao banco.
A Polícia Federal acredita que o número de vítimas deve aumentar. As
investigações mostram também que existem mais intermediários no esquema. Advogados e contadores supostamente faziam parte da organização
criminosa.
O valor dos cheques apreendidos deve ser utilizado para a indenização das vítimas. Dal Agnol segue foragido. A justiça deve pedir
também a prisão preventiva da mulher do advogado. Apesar de ter pago fiança de R$ 724 mil, ela ainda não se apresentou à Justiça.
Operação Carmelina
Segundo a Polícia Federal, um grupo de advogados e contadores, comandados por Dal Agnol, procurava os
clientes com a proposta de entrar com ações na Justiça contra empresas de telefonia fixa. Os clientes ganhavam a causa, mas os advogados repassavam a eles uma quantia
muito menor da que havia sido estipulada na ação. O esquema fez o advogado enriquecer rapidamente.
Ao cumprir mandados de busca da
Operação Carmelina na cidade do Norte do Rio Grande do Sul no dia 21 de fevereiro, a Polícia Federal encontrou um total de R$ 1,5 milhão em um dos
endereços do homem. Além da quantia, animais selvagens empalhados e munição foram achados em um fundo falso de uma parede. A PF apreendeu também um
avião avaliado em cerca de US$ 8,5 milhões e bloqueou dinheiro em contas bancárias e imóveis.
A Operação Carmelina foi
desencadeada na manhã de sexta-feira em Passo Fundo, no Norte, e em Bento Gonçalves, na Serra. Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em escritórios
de advocacia e de contabilidade e em uma residência. A operação foi batizada de Carmelina porque este era o nome de uma mulher que teve cerca de R$ 100 mil desviados no
golpe. Segundo a PF, ela morreu de câncer, e poderia ter custeado um tratamento se tivesse recebido o valor da maneira adequada.