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27/07/2016 | 12:20 | Cultura

Em Bossoroca, no noroeste gaúcho, fazendas mantêm resquícios do passado escravagista do RS

Cidade de cerca de 7 mil habitantes fica a 500 quilômetros de Porto Alegre

Cidade de cerca de 7 mil habitantes fica a 500 quilômetros de Porto 

Alegre
Cemitério onde os escravos eram enterrados (Foto: Luis Frey / RBS TV)
Com grandes fazendas e economia baseada na criação de gado e ovelha, Bossoroca, no noroeste gaúcho, parece ter parado no tempo. Embora seja próxima a cidades conhecidas pelas ruínas jesuíticas — onde padres europeus catequizaram indígenas —, o município tem sua história relacionada à dos escravos em fazendas, casarões e cemitérios.
— Aqui é a verdadeira terra de gaúcho. Gaúcho aquele de terra vermelha, gaúcho de fato — orgulha-se o patrão de CTG Rubens Antônio Bertaso.
É por estradas de chão que se chega aos resquícios da escravatura, como na fazenda de Roberto Duarte. De um lado está o sobrado, casa de dois pisos onde moraram os donos da terra. Ali, além de objetos, também se mostra a religiosidade da época, com um altar e uma imagem de Nossa Senhora da Conceição em madeira entalhada. Do outro lado, encontra-se uma antiga construção de pedra, que abrigava os escravos. Em seu interior, tudo está preservado: madeiras, objetos de ferro fundido e a fuligem ainda incrustada no teto.
A visita segue por estradas de terra até o local onde ficava uma estância. Ali, está o Cemitério dos Cativos, onde escravos eram enterrados. São construções antigas, de taipa de pedra, pouco preservadas. Bem diferente do cemitério dos patrões, que tem raridades, como túmulos dos séculos 18 e 19.
— O auge da escravidão no Rio Grande do Sul foi entre o final dos séculos 18 e 19. Também foi o auge de todas as construções nas fazendas. Das senzalas, dos troncos, enfim, do crescimento dessas estâncias com mão de obra escrava — explica a professora de história Nadir Lurdes Damiani, da Universidade Regional Integrada (URI).
Tudo pode ser visitado de graça. Para quem quiser comer ou dormir, Bossoroca tem uma pousada (R$ 90 diária/casal) e lancherias simples. De ônibus, a partir da Capital, são quase sete horas, a um custo de R$ 119,75. Há mais opções na vizinha São Luiz Gonzaga, distante 45 quilômetros. Em ambas, também é possível visitar as estátuas dos músicos Noel Guarany e Jayme Caetano Braun. Com outros dois artistas, eles ficaram conhecidos como Troncos Missioneiros por transformarem em poesia cantada a cultura da região.
#PartiuRS é um quadro multimídia que mostra as belezas do Estado. Além do ZH Viagem, a série pode ser acompanhada aos sábados, no Jornal do Almoço, da RBS TV, no Supersábado, da Rádio Gaúcha, e em um site especial do G1. Coordenação de Mariana Pessin: mariana.pessin@rbstv.com.br
Fonte: Zero Hora
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