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13/04/2014 | 18:14 | Esporte

Massacre na Serra: Inter impõe 4 a 1 no Grêmio e é tetracampeão gaúcho

Mesmo podendo perder por 1 a 0, Colorado constroi placar elástico aos gritos de olé sobre o maior rival e confirma supremacia com brilho de D Ale, Alex e Alan Patrick

Mesmo podendo perder por 1 a 0, Colorado 

constroi placar elástico aos gritos de olé sobre o maior rival e confirma supremacia com brilho de D Ale, Alex e Alan Patrick
Inter de D Alessandro levou o tetra no Gauchão (Foto: Mauro Vieira / Agencia RBS)
É possível um jogador sozinho conquistar um campeonato? Difícil. Mas um jogo torna-se tarefa até plausível. Ainda mais quando a partida é um Gre-Nal. E o jogador é D'Alessandro. Como um Rei Midas, em que tudo que toca vira ouro, o argentino, baixinho de obstinação napoleônica e predestinação incomum para o clássico, conduziu o Inter para mais uma vitória sobre o Grêmio na tarde fria e ensolarada deste domingo, em Caxias do Sul. Mas, como dito linhas acima, é preciso mais para se levantar uma taça. É preciso de um time. E o Inter tem. Tem Alex, Alan Patrick e outros tantos destaques. O suficiente para humilhar o seu maior rival, no embate de número 401 da história. O 4 a 1 da tarde deste domingo em Caxias foi mais do que histórico. Além da goleada, dos gritos de olé e de Enderson Moreira forçado a colocar um volante para não levar mais, o resultado impiedoso faz do Inter tetracampeão gaúcho, o 43º título estadual no geral. Honraria que o mesmo D'Alessandro também pode se orgulhar. É o único titular presente nas taças levantadas desde 2011 no Rio Grande do Sul. 
Tudo começou no Gre-Nal 400, há dois domingos, em vitória de 2 a 1, de virada. Já esse triunfo com todo o jeito de massacre, de número 151 do Inter em clássicos, teve início, veja só, no menos inspirado pé direito de D’Ale, em chute firme, no canto baixo de Marcelo Grohe, após falha clamorosa de Werley na proteção de bola com Rafael Moura, aos 26 minutos do primeiro tempo. O He-Man a recolheu, rolando para o gringo. Um presente só maior que a satisfação dos colorados em ver o argentino jogar um Gre-Nal.
Foi seu 22º clássico, seu oitavo gol sobre o Grêmio. Foi no Centenário, mas parecia o Beira-Rio. D’Ale estava em casa porque jogar Gre-Nal é sua especialidade. Além de balançar a rede, regeu o time de Abel Braga, com orientações, gritos, passes precisos e, por que não, sucessivas discussões com o árbitro Márcio Chagas da Silva. O segundo tempo foi ainda mais irresistível. Porque, a partir dali, todo o time do Inter virou um D'Alessandro. E jogou muito. Alex (duas vezes) e Alan Patrick, em pênalti sofrido por D'Ale, completaram uma goleada histórica. Até o gol de honra tricolor foi do Inter, contra de Ernando, em cruzamento de Dudu. 
As mesmas mãos de D'Alessandro que organizaram o Inter levantaram a taça do Gauchão. Um movimento que o Grêmio não executa desde 2010, ano do último título estadual. Resta, ao menos, a luta para a prioridade na temporada, a Libertadores. As oitavas começam no dia 23, contra o San Lorenzo, aliás ex-time de D'Ale, que até nisso parece perseguir os tricolores. Antes, a dupla Gre-Nal estreia no Brasileiro no próximo fim de semana. O Grêmio visita o Atlético-PR no domingo, no Orlando Scarpelli, uma vez que o clube paranaense cumpre punição. O Inter saboreia sua conquista mais recente diante do Vitória, em local a definir.
Centenário, a casa colorada
O palco do primeiro jogo do Inter no Brasileiro está indefinido como estava para o clássico deste domingo. Até quarta-feira reinava a polêmica sobre a utilização ou não do Beira-Rio. Mesmo com duas festas para 50 mil pessoas cada no fim de semana passado para a reinauguração oficial, o estádio remodelado da Copa não foi capaz de receber o Gre-Nal, por questões de segurança. O Centenário, portanto, abriu seus portões para quase 20 mil torcedores.
Casa do Inter em 2013 por boa parte do Brasileiro, o Centenário voltou a se encher de vermelho. A confiança colorada não era pouca, afinal, no clássico de ida, há dois domingos, o time de Abel Braga vencera o Tricolor por 2 a 1, de virada, na Arena. O gol qualificado obrigava o Grêmio a marcar dois gols de diferença ou vitória de um gol de diferença, partir de 3 a 2. Mesmo com tamanha necessidade, Enderson Moreira não inventou. Manteve Alan Ruiz na vaga do lesionado Luan. E, embora precisasse de gols, queria ver uma equipe “marcadora”.
Mas o Grêmio atacou. E muito. Começou já no primeiro minuto, em chute torto de Pará. A resposta do Inter surgiu logo depois, em falha de Rhodolfo, contornada por erro de Márcio Chagas. O árbitro alegou saída de bola quando Willians a roubou, deixando Alex livre na pequena área. Dudu, muito acionado, também arriscou. Edinho também. Chance clara, no entanto, era artigo raro.
D'Ale 'rege' até o juiz
O que mais se viu, no entanto, foi o jogo psicológico de D'Alessandro. Parecia atuar tão bem com as mãos do que costuma fazer com os pés. Aos 13 minutos, postou em frente a Chagas e desafiou a autoridade do árbitro ao elevar um dedo em riste. Aos 18, mais uma vez irritado com a arbitragem, D'Ale deu um soco na bola.
O maestro vermelho não deve ter gostado quando quase viu o Grêmio marcar. Aos 23, Wendell carimbou Willians e, no rebote, faltou perícia a Alan Ruiz. Qualidade que sobra ao outro argentino em campo. A D'Alessandro. Primeiro, mérito de Rafael Moura ao tomar a bola na grande área de um desatento Werley. O toque para trás também saiu na medida. D'Ale finalizou com precisão: 1 a 0. A primeira finalização do Inter a gol, aos 26 minutos. Um prêmio ao talento de quem tem em mãos a rara receita de brilhar em Gre-Nal.
No final do primeiro tempo, depois de mais chutes inconclusivos de um ataque gremista sem inspiração, D'Ale quase devolveu o presente para Rafael Moura, que finalizou com extremo perigo ao lado do poste. Enquanto os jogadores gremistas deixavam o gramado de caras fechadas e quase nenhuma palavra, o camisa 10 deu a dica:
- Terminamos melhor. O Grêmio vai ter que sair mais no segundo tempo. Cabe a gente ser inteligente.
Inter volta com tudo: o massacre da Serra
Além de tudo, D'Ale ainda foi premonitório. O Inter começou o segundo tempo tão inteligente que, aos quatro minutos, já fazia 2 a 0. Com direito ao argentino fora da jogada. Alan Patrick cruzou e Alex se antecipou a Grohe, com incomum facilidade. Aos 10, logo após os primeiros gritos de olé a ecoar pelo Centenário, D'Ale invadiu a área e sofreu pênalti de Dudu. Deixou Alan Patrick ser protagonista e fazer o terceiro. Dois minutos depois, em jogada coletiva de brilho ímpar de Alan Patrick e Rafael Moura, Alex driblou o goleiro e arrebatou o estádio com um incrível 4 a 0.
Que só não se tornou histórico - quatro gols de diferença só haviam sido vistos em clássicos em 1954 -, porque Dudu diminuiu aproveitando-se de desvio contra de Ernando. E também porque Enderson se travestiu de pura humildade. Ao levar o quarto gol, sacou Alan Ruiz e reforçou a marcação com o volante Léo Gago. Igualdade só em expulsões: Willians e Pará.
Sintomas singelos que referendam uma superioridade do Inter que não começou neste domingo de frio e sol no quente Centenário. São quatro anos de conquistas estaduais. E um sugestivo 4 a 1 que só faz reforçar quem vem mandando no Rio Grande do Sul.
Fonte: G1
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