Imagine a cena: uma rampa para acessibilidade de cadeirantes e pessoas com mobilidade limitada que leva a uma parede, ou seja, a lugar nenhum. E, mais. O dinheiro usado para
construir a passagem é público. A situação seria hilária, se não fosse verdade.
O Instituto Municipal de Ensino Assis Brasil
(Imeab), em Ijuí, no noroeste do Estado, convive diariamente, não com uma, mas com duas rampas nessas condições. Construídas para facilitar a
locomoção de cerca de 50 alunos e funcionários que têm alguma limitação física, as passagens mais parecem “elefantes brancos” no
pátio da escola.
– Eu achei surreal uma rampa que dá para uma parede! Isso nos leva a crer o quê? Que tem pessoas que parecem brincar, que
não sabem o que fazem com o dinheiro público – afirma Sandra de Faveri, avô de uma das alunas da pré-escola.
Já na
Internet, a história virou chacota depois que uma foto foi publicada no Facebook. Uma mãe de aluno chegou a fazer o seguinte comentário:
– Que maldade, isso não é uma rampa, é uma passarela para desfiles, ou para discursos, ou para não molhar os pés, ou para se sentir mais alto, ou
sei lá...são tantas opções [sic.].
De acordo com a diretora do Imeab, Miriam Beck, a comunidade escolar foi comunicada da
situação encontrada no instituto em reunião no início do ano letivo. A gestora afirma que as portas de acesso aos corredores dos prédios A e C ainda
não foram abertas, pois a obra está atrasada.
Orçada em R$ 100 mil, a construção de três rampas, uma delas já
concluída e em pleno funcionamento, e uma passarela que interliga outros dois prédios faz parte de uma grande reforma pela qual a instituição passa desde 2012.
Ao custo total de R$ 2,5 milhões o projeto é financiado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que não faz os repasses ao
município desde abril do ano passado, segundo o engenheiro da Secretaria de Educação (Smed), Matias Sausen Feil.
– Sem dinheiro a
empreiteira abandonou os serviços com 80% da obra concluída, mas já retomamos as reformas. Mesmo que em ritmo lento – afirma Feil.
O
engenheiro explicou que a retomada dos serviços se deu depois que o Ministério da Educação garantiu que os repasses irão se normalizar. Com isso, a
previsão de término da obra, que inicialmente era para setembro de 2013, ficou para junho deste ano. Até lá, o jeito é “rir para não
chorar”, como dizem alguns pais.