Foi com altas doses de sofrimento, como se poderia prever. Sem Luan a maior parte do tempo, o Grêmio enfrentou problemas de
criação, teve no nervosismo um adversário frequente, mas foi eficiente o necessário para derrotar o Botafogo por 1 a 0, na Arena. E o melhor é que o gol
foi marcado por um atacante, no caso Lucas Barrios, de cabeça, o que representou o fim de uma seca ofensiva que incomodava. Pela sexta vez em sua história, o time está
em uma semifinal de Libertadores. O adversário será o Barcelona de Guayaquil, que eliminou o Santos.
Quando soube que Luan ficaria mesmo fora do
jogo, o torcedor redobrou sua disposição de ajudar o time. Fez uma calorosa saudação aos jogadores quando estes pisaram o gramado, lançando bobinas de
papel, xingou Gatito Fernández sempre que o goleiro fez "cera", ficou de pé e gritou a cada ataque. Em sua sensibilidade, a torcida percebia, a cada minuto de jogo,
que faltava ao Grêmio a qualidade e imposição de outros momentos.
Não houve a esperada pressão inicial, por conta da correta
marcação do Botafogo, que levava o Grêmio a simplificar com chutões de seu próprio campo.Com o agravante de que foi o adversário quem criou as
situações mais perigosas durante o primeiro tempo.Com isso, em muitos momentos, o apoio foi trocado por reclamações e expressões de pânico. O jogo,
definitivamente, não transcorria conforme o roteiro sonhado pelos gremistas.
O começo até foi promissor, com o forte chute de Bruno Cortez, a quatro
minutos, que passou perto do travessão. Chutes de fora da área, afinal, eram uma das recomendações contra um adversário que, já se sabia, viria
muito fechado.
Só que o Botafogo reagiu com muita rapidez e, a oito minutos, Bruno Silva quase marcou de calcanhar.
Havia um
nítido problema de posicionamento. Fernandinho, que rende mais pela direita, atuou pela esquerda e viu seu rendimento cair em comparação com outros jogos. Em uma de
suas poucas vitórias individuais, a 13 minutos, passou pelo meio de três marcadores e chutou para fora, rasteiro. A melhor chance antes de o Botafogo se adonar da partida foi
aos 24 minutos. Depois de lateral, Barrios ajeitou de cabeça e Fernandinho acertou a trave.
Os instantes iniciais foram assustadores. Primeiro, Kannemann cometeu
falha grave pela direita, caiu na frente de Pimpão, que arrematou para Grohe salvar. Na sequência, Bruno Silva acertou a trave, em chute de fora da área. A 32, Grohe
salvou outra vez, em cobrança de falta de Victor Luis. O desânimo calou momentaneamente os torcedores.
Renato, então, fez o óbvio. Trocou o
ineficiente Léo Moura por Everton e transferiu Fernandinho para a faixa direita de campo. E, já aos 41, Fernandinho fez, pela primeira vez, sua jogada preferida. Driblou da
direita para o centro e chutou de esquerda, mas a bola passou longe. Era um sinal de que o segundo tempo poderia ser melhor.
Já no primeiro minuto, Gatito salvou
no alto em cabeceio de Michel. Um indício de superioridade, logo desfeito por um descontrole emocional que se refletia em sucessivos erros de passe, que levaram Renato a abrir os
braços e pedir calma ao time. A equipe, talvez, se sentisse pressionada pela necessidade de não sofrer gol e era traída pela insegurança. Cortez teve nova chance
a 15 minutos, mas o chute, rasteiro e cruzado, foi defendido sem dificuldade por Gatito.
A tensão, finalmente, terminou, dentro e fora de campo, aos 17
minutos. Em sua primeira chance de cobrar falta, Edilson ergueu para a área e Lucas Barrios, ao vencer Arnaldo pelo alto, cabeceou para a rede, desta vez com a ajuda de Gatito. O gol
inundou a Arena de alegria, na expectativa pela classificação. E o segundo esteve na iminência de sair, no cabeceio de Kannemann que atingiu as costas de Michel.
Não houve mais chances claras até o fim do jogo. Pelo contrário, time e torcida passariam pelo susto em cabeceio de Igor Rabello, que passou perto.
Apenas um ingrediente a mais em uma noite tensa, mas que terminou da forma mais feliz possível. E ainda com Luan nos minutos finais.