Logomarca Paulo Marques Notícias

11/06/2014 | 16:11 | Polícia

Escutas e depoimento confirmam participação de cooperativa paranaense em fraude

Sexta fase da Operação Leite Compen$ado foi realizada nesta quarta-feira em municípios do Noroeste gaúcho e do Paraná

Sexta 

fase da Operação Leite Compen$ado foi realizada nesta quarta-feira em municípios do Noroeste gaúcho e do Paraná
Sexta fase da operação foi deflagrada na manhã desta quarta-feira (Foto: Diego Vara / Agencia RBS)
Interceptações telefônicas feitas com autorização judicial e depoimento de um dos investigados na Operação Leite Compen$ado confirmam que a Confepar Agro-Indústria Cooperativa Central tinha conhecimento de que recebia produto de má qualidade. A fabricante de leite UHT e derivados da marca Polly, com sede em Londrina, captava em torno de 6,5 milhões de litros de leite por mês no Rio Grande do Sul.
Nas escutas, conforme o Ministério Público Estadual, responsáveis pela captação de leite falavam sobre a má qualidade do produto recebido e ainda incentivavam a fraude para garantir matéria-prima para produção.
— A cooperativa paranaense sabia que aquele leite era impróprio para consumo e mesmo assim recebia as cargas — afirma o promotor de Justiça Mauro Rockenbach, responsável pelas investigações.
Outro indicativo da participação da Confepar no esquema foi o depoimento de Antenor Signor, investigado na segunda fase da operação. Em delação premiada, o transportador de leite confessou que somente de janeiro a maio do ano passado entregou mais de dois milhões de litros de leite adulterado com substâncias químicas para a indústria paranaense.
— E nenhuma carga foi rejeitada, mesmo com os testes que a indústria deve fazer antes de receber qualquer produto. Ele (Antenor Signor) confessou que a cooperativa sabia que trata-se de leite adulterado — completa Rockenbach.
Diferentemente das outras vezes, a sexta fase da operação, deflagrada nesta quarta-feira no Noroeste do Estado, não detectou a presença de susbtâncias químicas no leite. Os 60 laudos de análises laboratoriais, de amostras captadas em dois dias no posto de resfriamento da cooperativa, em São Martinho, apontaram alteração da composição físico-química do leite — decorrente da deterioração do produto, ou seja, produto velho ou mal conservado.
Pela primeira vez, foram decretadas prisão e apreensões de caminhões e documentos no Paraná. Nesta quarta-feira, foram presas quatro pessoas no Rio Grande do Sul: o responsável pela captação no posto de resfriamento da Confepar em São Martinho, Fernando Júnior Lebens; e os transportadores Alcenor Azevedo dos Santos, de Taquaruçu do Sul; Cleomar Canal, um dos sócios da Transportes Três C, de Ibirubá; e Diego André Reichert, transportador de leite de Campina das Missões. Uma pessoa é procurada em Londrina, no Paraná.
Participam da fase seis da Operação Leite Compen$ado 70 integrantes do MPE, da Brigada Militar, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Receita Estadual.
Além dos cinco mandados de prisão expedidos - sendo que quatro pessoas já foram presas -, a sexta etapa da Leite Compen$ado cumpriu 16 mandados de busca e apreensão nas cidades paranaenses de Londrina e Pato Branco e nos municípios gaúchos de Ijuí, Taquaruçu do Sul, Ibirubá, Campina das Missões, Alegria, Boa Vista do Buricá, Crissiumal, São Valério do Sul, São Martinho, Cruz Alta e Coronel Barros. A Justiça de Santo Augusto autorizou a apreensão de 24 caminhões utilizados para transportar leite adulterado nessas cidades.
Procurada pela reportagem, a Confepar disse estar "se inteirando" do assunto e que decidirá se vai se pronunciar.
Fonte: Zero Hora
Mais notícias sobre POLÍCIA