No pronunciamento de Natal, o presidente da República disse que está mais barato comer, vestir e morar no Brasil
durante o seu governo. Michel Temer finaliza que "está mais barato viver".
Ouvintes da Rádio Gaúcha reclamam de imediato quando
replicamos a fala do presidente. Não sentem o alívio de preços citado pelo presidente.
Vamos destrinchar a inflação, que é o
indicador usado para medir a variação nos gastos de uma família média brasileira. Usaremos o IPCA, calculado pelo IBGE e considerado a inflação
oficial. Ainda há outros indicadores, medidos paralelamente por outras instituições e empresas, e que estão dando resultado parecido.
Está mais barato viver?
Olhando o IPCA acumulado de 12 meses, a inflação está em 2,94%. É baixa e fica abaixo do
piso da meta do Governo Federal. No entanto, ainda aponta aumento de preços. Ou seja, não está mais barato, como disse Temer. Está sim aumentando menos o gasto
de uma família padrão que se encaixa na metodologia do indicador.
Está mais barato comer?
Sim,
está. Aqui, o presidente acerta. O grupo Alimentação e Bebidas, que engloba preços de alimentos para consumir em casa e também refeições na
rua, acumula queda de 2,15%. É uma média, puxada bastante por alimentos in natura. A comida pesa bastante no orçamento da família média brasileira e,
portanto, também na metodologia do cálculo da inflação. Por isso, tem essa capacidade de segurar tanto o índice apesar do aumento de outros itens
importantes no orçamento.
Está mais barato vestir-se?
Não está. O grupo de despesa
Vestuário acumula alta de 2,55% em 12 meses. Há variações sazonais, com quedas nas trocas de estação, por exemplo.
Está mais barato morar?
Também não, presidente. O grupo Habitação é destaque de alta, com
elevação de 6,15% em 12 meses. Ou seja, mais do que o dobro da inflação média. Aqui, tem forte influência das contas de luz e do gás de
cozinha.
E mais...
Presidente não falou, mas os grupos Saúde (+6,68%), Educação (+6,96) e
Transportes (+4,31) também estão pressionando o bolso do consumidor. A coluna destaca a disparada da gasolina, os reajustes assustadores dos planos de saúde e mesmo as
mensalidades escolares com elevações até superiores a 10%, ou seja, mais do que o triplo da inflação.