Encontrada nesta sexta-feira (30) após cinco dias
desaparecida, a turista inglesa Katherine Sarah Brewster, 27 anos, disse que seu objetivo era meditar o mais longe possível da civilização. Durante o período,
ela permaneceu na mata virgem contígua ao Rio Uruguai, no município de Alpestre, sob sol e chuva fortes.
Improvisou um teto com galhos e folhas de
bananeira, ao lado de uma cachoeira, de onde tirava água para beber. Comeu inhame, laranjas e limas. Foi encontrada próximo à represa Chapecó.
— O plano dela era ficar três semanas em contato com a natureza. O problema é que não avisou ninguém, sequer amigos e familiares — conta o
comissário Lourenço Guerra, da Polícia Civil, que participou das buscas a Katherine.
Os primeiros exames médicos indicam que ela
está desidratada, magra, com fome, mas relativamente bem. Apresentava vários arranhões provocados pela mata e andava descalça, com a mesma roupa que no dia em
que desapareceu (uma camiseta e uma bermuda). Não fez fogueira, nem cozinhou qualquer alimento no período.
Foi o policial Guerra o encarregado de
buscá-la após dois conhecidos da inglesa, Clairton da Silva e Edson Medeiros, ligados uma comunidade rural alternativa, a localizarem. Para isso, seguiram trilhas na mata da
região, que conhecem bem.
Eles são ligados a uma comunidade ambientalista que pratica permacultura (agricultura apenas para sobrevivência, sem uso
da industrialização), vegetarianismo e ioga. Vivem em São José, distrito rural de Alpestre, pequena cidade com cerca de 9 mil habitantes, no norte do RS.
Katherine os conhecia, mas estava hospedada com um casal, também ligado a práticas alternativas. O que despertou estranheza é que ela saiu
repentinamente, deixando celular, cartão de crédito e um computador.
Segundo Guerra, Katherine falou ter decidido testar seu contato com a natureza
após receber um "sinal divino".
— Ela afirma que o plano dela é viver de luz, mas ainda não consegue. Após quase uma
semana sem beber e comer, passou a ingerir líquidos. Por fim, apelou para frutos. Ela não come carne — descreve Guerra.
O comissário ressalta
que ela lamenta muito ter causado preocupação, mas acredita que as pessoas não deveriam se importar tanto com seu sumiço. Katherine, inglesa de Seaford, East
Sussex, está há dois anos no Brasil. Antes de Alpestre, viveu em Florianópolis, em comunidades alternativas.