Seria difícil esperar maior ambição de uma equipe tão descaracterizada. Sem
Léo Moura, Kannemann, Maicon, Luan, Jael e Everton, o Grêmio viu seu poderio reduzido, sofreu pressão no segundo tempo, mas, ainda assim, conseguiu segurar o empate sem
gols contra o Santos, na noite desta quinta (6), no Pacaembu. Com o resultado, o time deixou o G-4 do Brasileirão e agora conta com a volta dos titulares no Gre-Nal de domingo (9),
no Beira-Rio. Depois do clássico, ainda enfrentará antes do primeiro jogo contra o Tucumán-ARG, o primeiro das quartas de final da Libertadores.
Desfigurado em sua base, o Grêmio primeiro cuidou de não sofrer gols. Nesse sentido, foi sólido na marcação na frente de sua área, com decisiva
colaboração de Ramiro ao trabalho de contenção realizado por Cícero e Matheus Henrique. Com isso, o habilidoso Rodrygo, promessa que o Santos já
negociou com o Real Madrid, teve pouco espaço pelo lado e buscou infiltrações pelo meio, quase todas infrutíferas. Goleador do campeonato, Gabigol só
conseguiu algum brilho em lances distantes da área, como a "janelinha" em Alisson, quase na linha lateral. Quando aproximou-se da zona de conclusão, foi anulado
quase sempre por Geromel e Bressan.
Os problemas do Grêmio tornavam-se mais graves quando era preciso criar. Matheus Henrique pouco arriscou e Cícero
não foi eficiente nos passes longos, uma de suas virtudes. Pelas laterais, também não houve maior acréscimo, já que Leonardo e Marcelo Oliveira mais
marcaram do que apoiaram. Os avanços do time, dessa forma, limitaram-se a Thaciano, que mostrou técnica e rapidez de movimentos. Alisson, que sofreu falta dura do volante
Alison, logo no início do jogo, sumiu depois desse lance. André, esforçado, foi bem controlado por Gustavo Henrique.
Com tanta
marcação de parte a parte, o primeiro tempo foi escasso em situações de gol. O primeiro arremate foi do Santos, por Rodrygo, a 15 minutos, sem
direção. Aos 23, o gol só não saiu pela competência de Marcelo Grohe. O Santos invadiu a área a dribles pelo lado direito e a bola sobrou para
Gabigol, que concluiu forte, de perna esquerda, para defesa do goleiro de 401 jogos pelo Grêmio. A resposta do Grêmio demorou a vir, mas, quando veio, provocou pânico
entre os torcedores do Santos. Depois de escanteio pela direita, a bola sobrou para Bressan, que arrematou e Vanderlei salvou com um tapa.
Com sua
habitual troca de passes, o Grêmio tentou impacientar o Santos no segundo tempo. Foi a maneira encontrada para conter a empolgação da equipe treinada por Cuca e, ao
mesmo tempo, buscar uma aproximação da área adversária. Alisson, ainda que visado pelas faltas, passou a levar perigo, diferentemente da primeira etapa. Aos 10
minutos, depois de progressão a dribles de Alisson pela esquerda, André, displicente, chutou nas mãos de Vanderlei e desperdiçou o melhor ataque do Grêmio.
Ao perceber que o Santos não tinha solução ofensiva, o Grêmio tratou de avançar. Aos 20, Ramiro, com liberdade pela direita, bateu para fora. Nervoso, Cuca
chamou os estrangeiros Derlis González e Bryan Ruiz para aumentar a força de seu ataque. Mas foi preciso uma falha dupla de Geromel e Bressan para surgir uma oportunidade, que
Cícero salvou na hora certa.
Como que satisfeito com o resultado, o Grêmio tinha esparsas investidas. Quando o fez, foi com Alisson. Aos 27, seu
chute foi fraco. Derlis González fez crescer o rendimento do Santos. Que teve pênalti a seu favor, cometido por Geromel sobre Gabigol, não assinalado pela
arbitragem.
Renato cansou de André e o trocou por Pepê. Foi sua única mudança em todo o jogo e derradeira tentativa de abrir o
marcador. Não deu certo, embora Alisson ainda tivesse criado uma nova oportunidade aos 43, novamente defendida por Vanderlei. O resultado, que interrompeu a sequência de
vitórias do Santos, foi satisfatório para o Grêmio.