E daí que o Grêmio não tinha Luan e Everton? E daí que havia 55 mil torcedores adversários? E daí que era na Argentina?
Mesmo desfalcado de seus dois principais atacantes, o campeão da América foi a Buenos Aires, se impôs no Monumental de Núñez e venceu o River Plate por 1 a
0. A vantagem lhe possibilita empatar para ir à final da Libertadores pela segunda vez seguida, a sexta de sua história.
Uma hora antes de a bola
rolar, chegou a confirmação da especulação da tarde: Luan ficou fora (até do banco), Michel herdou sua vaga. O plano de Renato era montar um 4-1-4-1, com
Michel de volante e uma linha com Ramiro, Maicon, Cícero e Alisson, deixando Jael como centroavante. No River, o homenageado da noite Marcelo Gallardo não apresentou qualquer
surpresa e devolveu Quintero e Pity Martínez ao meio-campo titular, deixou Pratto na reserva e foi para o ataque com Scocco e Borré.
Se a proposta dos
donos da casa era aproveitar a pressão da torcida no início e amassar os visitantes, não funcionou. Os 10 primeiros minutos foram de total equilíbrio. Bem
postado, o Grêmio não deixava o River tomar conta da partida. Kannemann ordenava os movimentos defensivos e controlava Scocco e Borré. Na frente, aproveitando a altura
dos jogadores, apostava na bola aérea para incomodar Armani.
Desta forma, Marcelo Grohe foi um mero espectador. Estava tão frio no jogo que até
levou um susto. Aos 15 minutos, um cruzamento despretensioso de Pity Martínez caiu nas mãos do goleiro, que acabou soltando e quase fez contra.
O
lance perigoso seguinte foi do Grêmio. Aos 22, Cícero teve espaço, avançou e soltou o pé. A bola foi alta e forte, e Armani espalmou por cima.
Grohe só precisou intervir, de fato, aos 30. O lance começou quando Ramiro estava caído. Não houve fair play dos argentinos, que levaram a bola
ao ataque. Palacios, da intermediária, arriscou, mas o goleiro saltou e espalmou.
A cena se repetiu aos 39. Quintero teve categoria para dominar um
lançamento e dar para Palacios chutar e Grohe espalmar. Na cobrança do escanteio, Pinola teve vantagem na disputa e quase marcou. Grohe defendeu.
Só nos últimos minutos o River conseguiu pressionar. Quintero desprendeu-se da marcação e começou a encontrar seus companheiros. Em um desses passes, a
bola bateu no corpo de Kannemann. Houve reclamação de pênalti, mas o replay mostrou que o toque foi no peito do zagueiro gremista.
O segundo
tempo começou em outro ritmo na comparação com o primeiro. O River subiu a rotação e causou problemas à defesa gremista. Aos cinco minutos, depois
de uma troca de passes envolventes, a bola saiu para a linha de fundo. Quintero cobrou escanteio, Maidana se desvencilhou de Kannemann e cabeceou, livre, por cima do
travessão.
Aos nove, Ramiro errou uma cobrança de falta e deu um presente para Scocco, que lançou Borré. Geromel conseguiu dar um
leve toque na bola e Grohe se antecipou para afastar, com os pés.
Gallardo fez sua primeira troca aos 12 minutos. Scocco deu lugar a Pratto. E quando
ensaiava a pressão, o Grêmio campeão da América que era sólido na defesa apareceu também no ataque.
Alisson, aos 17, cobrou
escanteio na cabeça de Michel. A antecipação do volante foi perfeita e, lá de cima, cabeceou sem chances para Armani. Gol, 1 a 0 e festa tricolor no
Monumental.
A partir daí, a partida ficou exatamente como o Grêmio queria. O River, cada vez mais nervoso, não conseguia atacar. E via o time
gaúcho se impor. Soberano na defesa, teve a chance de ampliar. Aos 33, Jael bateu uma falta, a bola explodiu na barreira e Léo Gomes pegou o rebote, chutou, ao lado da
trave.
Vendo seu time tão à vontade em campo, Renato guardou suas substituições e só mexeu no time aos 36, lançando Thonny
Anderson no lugar de Jael. O primeiro grande passo rumo à final foi dado em pleno Monumental de Núñez. Alguém ainda duvida do Grêmio?