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30/10/2018 | 08:49 | Política

''Coordenador de tudo'', Onyx terá tarefa de conseguir apoio no Congresso para Bolsonaro

Escolhido para a Casa Civil, deputado gaúcho conheceu o capitão reformado em 2009

Escolhido para a Casa Civil, deputado gaúcho conheceu o capitão reformado em 2009
Deputado federal reeleito, Onyx Lorenzoni já foi anunciado como ministro-chefe da Casa Civil em governo de Bolsonaro - Fernando Frazão / Agência B
Responsável pela interlocução entre o futuro governo Jair Bolsonaro (PSL) e o Congresso, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) terá a tarefa de costurar o apoio para a aprovação de projetos importantes do Planalto. Deputado federal reeleito, o futuro ministro-chefe da Casa Civil também será um dos principais conselheiros políticos do presidente eleito.
Um dos primeiros desafios do gaúcho de 64 anos será a negociação com deputados e senadores para a votação da reforma da Previdência, aguardada pelo mercado financeiro em sinal de compromisso com o ajuste fiscal. O sucesso na empreitada dependerá de negociação política e formação de sólida base aliada, necessária frente ao tema indigesto.
A flexibilização do Estatuto do Desarmamento e projetos vinculados a costumes serão trunfos da nova administração para atrair o voto de parlamentares de perfil conservador. Apresentando-se como contrária à velha política, a equipe do novo governo afirma que não usará cargos em comissão ou liberação de verbas e obras para obter apoio.
— Ele é conciliador, habilidoso, tem desenvoltura. Virou unanimidade para a articulação política — comenta um colega da Câmara dos Deputados.
A amizade entre Onyx e Bolsonaro teve início na última década. Eleito em 7 de outubro para o quinto mandato, o gaúcho chegou à Câmara em 2003, quando o capitão da reserva ocupava uma cadeira na Casa havia 12 anos. A relação foi estreitada nos últimos anos. O forte discurso contrário ao PT, a campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff e a defesa do endurecimento de leis na área da segurança pública, além da flexibilização do Estatuto do Desarmamento, aproximaram os parlamentares.
O ponto alto ocorreu em 2017, quando Onyx chamou para si a responsabilidade de viabilizar a candidatura de Bolsonaro à Presidência da República. O esboço de um leque de alianças começou a ser desenhado em sua casa, em almoços e jantares oferecidos a possíveis aliados do capitão.
— Éramos poucos, íamos para a casa do Onyx mais por seus dotes culinários do que pela político. Com o tempo, ele foi chamando mais gente e, neste ano, já tínhamos o apoio de 120 deputados. Foi tudo pela insistência dele — conta o coordenador da campanha de Bolsonaro em São Paulo, senador eleito Major Olímpio (SP).
Ganhou ainda mais espaço após o primeiro turno destas eleições, avançando até mesmo sobre Paulo Guedes, guru do futuro presidente. Ao ser questionado sobre a proposta de estabelecer meta para o dólar, entendida como intervenção no setor econômico, Bolsonaro projetou a influência do gaúcho em seu governo:
— Vou conversar com Paulo Guedes e quem depois vai bater o martelo é Onyx, que será o coordenador de tudo — disse.
Em seu braço direito, o parlamentar traz uma tatuagem com a passagem bíblica preferida de Bolsonaro: "E conhecerei a verdade, e a verdade vos libertará". A frase, que consta no livro de João, capítulo 8, versículo 32, foi incluída na primeira manifestação do presidente eleito no último domingo.
A trajetória
Onyx Lorenzoni tem 64 anos e é veterinário, formado em 1976 pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Iniciou sua carreira política em entidades ligadas à categoria. Foi eleito para dois mandatos de deputado estadual, entre 1995 e 2003, e concorreu duas vezes à prefeitura de Porto Alegre, sem sucesso. Foi eleito para o quinto mandato na Câmara Federal no pleito deste ano com 183 mil votos.
Em Porto Alegre, é sócio de um hospital veterinário, onde atuou como clínico e cirurgião por 20 anos. Colorado, já integrou o quadro de conselheiros do clube e traz o símbolo do Internacional tatuado no braço.
Ingressou no PFL em 1997 e seguiu no partido após a troca de nome para DEM. Apesar da sigla não pertencer à aliança de Bolsonaro, Onyx apoiou o capitão da reserva desde o início da campanha.No Congresso, foi o relator do projeto conhecido como "Dez Medidas Contra a Corrupção", aprovado na Câmara e, atualmente, parado no Senado.
Apesar de defender a criminalização de caixa 2 — uma das 10 medidas da proposta —, Onyx Lorenzoni admitiu ter recebido de forma irregular R$ 100 mil da JBS para a campanha de 2014. Nenhum inquérito foi aberto para investigar o caso.
Fonte: Gaúcha ZH
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