Uma roda de samba que animava estudantes da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC) na noite de quinta-feira (1º), em Florianópolis (SC), acabou de maneira violenta depois que a Polícia Militar (PM) entrou no campus, nas
proximidades do Centro de Filosofia e Humanas (CFH), no começo da madrugada de sexta-feira (2).
A ação teria acontecido após o
término do "Geosamba", encontro promovido dentro da universidade, no momento em que as pessoas começavam a deixar o local. De acordo com denúncias de
estudantes, ao menos três viaturas entraram no campus em alta velocidade e partiram em direção aos presentes, que precisaram correr para não serem
atropelados.
Os policiais teriam descido das viaturas e começado a disparar tiros de bala de borracha e a borrifar spray de pimenta, exigindo que todos fossem
embora do local. Ainda houve relatos de que os policiais gritaram "toma petralhada" e "aqui é Bolsonaro". Ao menos um estudante teria sido ferido por balas
de borracha e golpes de cassetete.
Todos os relatos feitos à reportagem foram mantidos em anonimato por pedido dos envolvidos, que temem
retaliações.
— Eu estava indo jogar o lixo fora quando eles (PM) começaram a acelerar na nossa direção. Foram até a
guarita que fica perto do (Colégio de) Aplicação, deram um cavalinho de pau, atiraram umas balas de borracha e voltaram aterrorizando a galera. Grudei num grupo que
estava saindo e fomos embora — relatou um dos organizadores do encontro.
O que dizem a UFSC e a PM
A reportagem entrou
em contato com o reitor da UFSC, Ubaldo Cesar Balthazar, na tarde desta sexta-feira. Na ocasião, o reitor afirmou não ter conhecimento do caso e que não havia sido
informado pela Secretaria de Segurança do campus. Duas horas depois, a Administração Central da UFSC emitiu a seguinte nota:
"A
Administração Central da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi informada de que houve tumulto na madrugada desta sexta-feira, 2 de novembro, logo após o
fechamento dos bares no entorno da Universidade.
Esse tipo de situação tem ocorrido e levou, inclusive, a uma ação conjunta
das polícias Militar e Civil, MPE e UFSC, a fim de buscar soluções entre todos os setores envolvidos.
Em situações em que
haja ameaça à integridade física e ao patrimônio, as forças de segurança agem nos limites de suas atribuições. Todos os fatos
serão devidamente apurados".
A reportagem também tentou contato com o comando do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM),
responsável pelo patrulhamento na região. O tenente-coronel Fernando André, comandante do batalhão, não atendeu às ligações, nem
retornou o contato por Whatsapp até o momento da publicação.
Em ligação telefônica à 1ª Companhia da PM,
responsável pelo 4º BPM, a reportagem foi informada de que o agente responsável pela ronda da noite de quinta-feira era a única pessoa que poderia falar sobre o
episódio, mas que ele estava de folga e só voltaria a trabalhar no domingo.