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28/12/2013 | 14:27 | Geral

Vou continuar, diz ativista brasileira após ser recebida pela família no RS

Bióloga ficou presa na Rússia por cerca de dois meses após um protesto

Bióloga ficou presa na Rússia por cerca de dois meses após um protesto
Ana Paula Maciel chega a Porto Alegre e reencontra mãe (esq.), avó e pai (Foto: Rafaella Fraga/G1)
A ativista brasileira Ana Paula Maciel, 31 anos, uma das 30 pessoas do Greenpeace presas na Rússia após um protesto contra a exploração de petróleo no Ártico, voltou para casa. A bióloga desembarcou por volta das 11h10 deste sábado (28) no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, depois de viajar por mais de 12 horas.
"Se eu aceitei os riscos, é porque acho que vale a pena. Esses dois meses na prisão valeram a pena. Eles [a Rússia] tiveram que admitir que nós não somos piratas. Vou continuar trabalhando e navegando. Agora vou descansar um mês, dois meses com a família, enfim. E depois vou continuar seguindo o que sempre fiz", disse em entrevista coletiva após a chegada.
A gaúcha lembrou do período que passou presa. "Foram os dois meses mais dificeis da minha vida. A tensão era muito grande. Tudo o que eu tive de chorar, eu chorei em Frankfurt. Lá eu entendi que era real, porque eu estava em outro país", recordou.
A ativista, no entanto, entende que sua prisão chamou a atenção para a causa do meio ambiente."Na verdade a gente não sabe qual foi o objetivo da Rússia com essa reação exagerada. No final das contas ele cavaram um buraco e a única maneira de saírem desse buraco foi nos concedendo a anistia. Mas a anistia é para me perdoar de um crime que eu não cometi", defendeu-se. "Se eu estivesse sentadinha na sala da minha casa vendo TV, nada disso (prisão) teria acontecido. Só que também nada disso teria acontecido", apontou para os repórteres ao comentar a repercussão mundial do caso.
No saguão do terminal aéreo, a família de Ana Paula a aguardava com expectativa. A mãe, Rosângela Maciel, foi ao aeroporto com o pai, a irmã e a avó da bióloga, entre outros parentes. A ativista ficou fora do país por cinco meses – dois meses embarcada no navio Arctic Sunrise e três meses detida em Murmansk e São Petersburgo. "A nossa Porto está mais Alegre com o teu retorno. Te amamos", dizia o cartaz levado.
"Eu acho que de agora em diante vai ser só alegria. Que ela continue a ser esta guerreira que ela semper foi. Esta viagem foi meio turbulenta, mas o desfecho foi feliz. Agora, só quero dar um abraço e carinho", afirmou a mãe, Rosângela.
O pai da bióloga, Jairo Maciel, chegou mais cedo do resto da família e também esperava emocionado pela filha. "O coração está batendo forte. Esta virada de ano vai ser especial por conta da libertação dela", disse ao G1 no saguão do aeroporto.
Segundo Maciel, a próxima viagem da filha deve ser em breve para a Nova Zelândia para participar de uma campanha pela proteção de animais marinhos. Por isso, ele levou de presente uma orca de pelúcia.
Entretanto, a bióloga não confirmou a informação e disse que deverá viajar novamente apenas na metade do ano, sem revelar o destino. Quando perguntada se voltaria para a Rússia, Ana Paula foi rápida: "Por enquanto, não".
A ativista gaúcha recebeu o visto de saída da Rússia na sexta-feira (27). Na última quarta, ela havia recebido do governo russo o documento que garantia a interrupção das investigações do crime de vandalismo, pelo qual ela e seus companheiros haviam sido acusados.
'12 horas no avião da minha liberdade', disse Ana Paula ao chegar ao Brasil por SP
Na conexão em São Paulo, Ana Paula conversou com jornalistas. "Minha vida mudou. Foi uma tremenda injustiça, uma tentativa frustrada de calar um protesto pacífico e a liberdade de expressão", afirmou, logo após o desembarque.
"Eu espero que o mundo tenha aprendido com isso, porque nem os russos esperavam a reação do mundo para nos libertar, para nos proteger." Ela ainda acrescentou que as muitas horas de voo desde São Petersburgo, com conexão em Frankfurt, não foram nada perto das horas que passou na solitária, durante a prisão. "Foram 12 horas de viagem no avião da minha liberdade".
Sobre a Rússia, ela disse que é "um país lindo, com pessoas maravilhosas" e que a ação do Greenpeace nunca foi contra o país, mas contra as petroleiras. "Eles entenderam mal o que aconteceu", acrescentou. A bióloga ainda agradeceu o apoio.
"Eles pensaram que podiam fazer com a gente o que eles fazem com todos os que fazem protesto pacífico, que eles calam, espezinham, mantêm na cadeia por anos, mas o mundo estava junto com a gente e eu não tenho palavras para agradecer isso."
Anistia
Um decreto aprovado pelo parlamento russo no dia 18 - que concedeu anistia a presos por atos de vandalismo - beneficiou o grupo do Greenpeace, que vem sendo chamado pela organização ambiental como os "30 do Ártico".
Os 28 ativistas e 2 jornalistas freelancers tentavam escalar uma plataforma petroleira da Gazprom no dia 19 de setembro, para protestar contra a exploração do Ártico, quando foram surpreendidos pela polícia russa, que prendeu toda a tripulação do navio Arctic Sunrise.
O grupo permaneceu detido durante dois meses, primeiro sob a acusação de pirataria e, em seguida, sob a acusação de vandalismo. Em novembro, eles receberam o direito de responder ao processo em liberdade mediante pagamento de fiança. Desde então, estavam livres na cidade de São Petersburgo, mas sem poder deixar o país.
Fonte: G1
Bióloga ficou presa na Rússia por cerca de dois meses após um protesto
Foto: Rafaella Fraga/G1
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