A Operação Catopê do Projeto Rondon chegou ao fim e os rondonistas da SETREM voltaram para casa com o sentimento de missão
cumprida. O município de Mirabela, em Minas Gerais, que recebeu a Instituição de braços abertos, permanecerá nas lembranças dos professores e
acadêmicos envolvidos. Eles levarão para sempre as amizades e a experiência de contribuírem para o início de uma mudança de pensamento que
trará ganhos vitais à comunidade mirabelense.
Segundo Jesildo Lima, coordenador da SETREM na Operação, além da
realização de oficinas, a herança da atuação dos rondonistas para Mirabela consolida-se em questões extras. “Os alunos de Redes de
Computadores e Sistemas de Informação revitalizaram sete laboratórios de informática, possibilitando que 1,5 mil alunos tivessem acesso à internet. O
Ministro do Supremo Tribunal Militar, José Barroso Filho, ficou maravilhado ao visitar um distrito em que a associação de moradores havia sido contemplada, há
vários anos, com um laboratório com internet via satélite e uma cozinha industrial, mas que não funcionavam pois faltava a instalação. Isso foi
feito pelos acadêmicos e tornou-se um grande diferencial da atuação da Instituição no Projeto Rondon”, destaca.
Robson Weiss
Machado, professor da SETREM que integrou o Rondon, relata a emoção de ver uma criança que chegou ao computador com internet e, pulando de alegria, comemorou:
‘Agora vou poder usar’. “Só faltava alguém conectar, estava tudo lá. Algo tão simples e com grande resultado. Deixamos a marca da SETREM em
Mirabela”, comemora.
Mudança de pensamento
As oficinas desenvolvidas junto à comunidade tiveram excelente
aceitação e contribuíram para a mudança de postura de muitos munícipes. O depoimento de uma jovem ressalta a real importância de toda
Operação. “Ela contou que, antes de participar da primeira oficina, seu maior objetivo era ir embora da cidade. Na última conversa que tivemos, na atividade
final, ela ressaltou que a partir do Projeto Rondon seu maior objetivo era permanecer em Mirabela. Isso nos enche de alegria e demonstra que, quando falamos em desenvolvimento, ele acontece
através das pessoas. Não basta alguém de fora entrar e fazer tudo. É preciso fazer com que a comunidade local queira ser agente da mudança”, exalta
Lima.
Mirabela não oferece cursos de nível superior, apenas dois Técnicos, um de Administração e outro na área de Meio
Ambiente. “Montes Claros, localizada a 70 km da cidade, tem faculdades, mas são raríssimos os mirabelenses que estudam lá. De 13 mil habitantes, apenas três
ônibus levam estudantes. As pessoas reclamam que não conseguem trabalhar e estudar, e se surpreendem quando contamos que em nossa região de origem os alunos trabalham o
dia todo e fazem mais de 100km pra estudar. Junto a eles, é preciso transformar um círculo vicioso num círculo virtuoso. Muitas pessoas estão começando a
pensar desta forma. Imaginamos que com este pensar diferente tudo torna-se mais interessante, criando uma expectativa de mudança em médio e longo prazo”, complementa
Lima.
A simplicidade
Machado destaca que as oficinas foram formuladas com base na simplicidade, prezando pelo baixo custo.
“Independentemente da situação econômica da comunidade, ela poderia viabilizar o que apresentamos. Um exemplo é o biodigestor. Foi montado um
protótipo que custa aproximadamente R$ 35 e que permite que a pessoa utilize o gás. Uma participante, ao final do encontro, já fazia os cálculos de quanto
economizaria ao implantar o sistema em sua residência. O mesmo vale para as oficinas que primavam pela interação, como dicção e oratória. A pessoa
entrava de uma maneira e se posicionava de outra na saída. Foram pequenos detalhes que fizeram grande diferença à comunidade”.
Mudando o mundo
A rondonista Eva Raquel Neukamp voltou pra casa com a alegria de ver que toda equipe conseguiu o carinho das pessoas.
“Após a chegada a Três de Maio, uma professora de Mirabela conversou comigo pelo Facebook, falando que já estava com saudades. Falei para ela que
gostaríamos de ter feito mais, mas que infelizmente não conseguimos mudar o mundo. Ela disse que conseguimos sim, pois mudamos a cidade de Mirabela, o mundo deles, e que a
humildade e o carisma dos rondonistas da SETREM fizeram toda a diferença”, conta Eva.