Após a operação da Polícia Civil que prendeu oito pessoas nesta quinta-feira (9) por
irregularidades em obras públicas, o secretário da Casa Civil, Carlos Pestana, concedeu entrevista coletiva no Palácio Piratini, em Porto Alegre. Pestana afirmou que as
investigações tiveram início a partir de uma solicitação do governo do Rio Grande do Sul, que recebeu as denúncias sobre o esquema ainda em 2012, e
garantiu que o secretário de Obras Públicas, Luiz Carlos Busato (PTB), será mantido no cargo.
"Não temos motivo para fazer a troca do
secretário. Os delegados que comandaram a operação foram claros ao serem questionados se teria alguém de foro privilegiado envolvido e disseram que nada envolvia
o secretário. O secretário Busato será mantido. A ideia é que a secretaria de Obras continue com o PTB”, disse.
Pestana afirmou que
os quatro servidores envolvidos são funcionários de carreira do estado e informou que todos foram afastados dos cargos. O secretário minimizou o fato de alguns serem
filiados ao PTB, partido que comanda a Pasta.
“Dos servidores presos até agora a informação que tenho é de que são
servidores de carreira, talvez alguns tenham filiação partidária. Mas não podemos confundir as pessoas envolvidas com partidos. Não é fogo amigo.
Temos de desvincular essa questão dos partidos com os envolvidos” argumentou.
Pestana disse ainda que poderão
ocorrer mais ações como esta em breve. Segundo ele, o governo possui outras denúncias relacionadas a corrupção em setores públicos e pretende
aperfeiçoar o combate ao crime. “Esta é uma ação que tem origem no governo. São denúncias que chegaram a nós e que foram encaminhamas
a Polícia Civil. Isso faz parte de uma prática do governo, de combater a corrupção nas entranhas do estado”, afirmou.
Entenda
A Operação Kilowatt apontou irregularidades em pelo menos seis obras públicas do estado. A operação foi
desencadeada em cidades gaúchas e também em São Paulo. No total, o valor das as obras investigadas pela Polícia Civil chega a R$ 12 milhões. Os presos
são investigados por crimes de corrupção ativa, passiva, peculato, formação de quadrilha, falsidade ideológica, fraude à
licitação e superfaturamento de valores. Uma outra pessoa também foi presa por posse ilegal de arma durante a operação.
Um dos casos
envolve o telhado da Escola Estadual Professor Oscar Pereira, em Porto Alegre, onde a reforma foi paga sem ter sido realizada. A polícia utilizou um helicóptero para comprovar
que somente as beiradas foram trocadas. As telhas velhas foram deixadas no telhado.
O delegado Joerberth Nunes, que coordenou a operação, explicou como
funcionava o esquema. "Tem uma obra aparentemente concluída, o fiscal vai até a obra e atesta algo que, na verdade, não existe, e o estado vai pagar esse valor.
Temos elementos que comprovam que houve pagamento de propina. Agora quando, como, onde, só vamos saber ao final do inquérito", disse. "Não é a
secretaria, são alguns servidores que não podem macular a imagem do órgão", acrescentou.
Foram cumpridos 41 mandados de prisões
e busca e apreensão em órgãos públicos, empresas e residências em Porto Alegre, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Nova Petrópolis, Ivoti e Canela,
além de São Paulo. Todos os presos atuam na Região do Vale do Sinos e faziam o serviço de fiscalização em obras contratadas pelo governo do
estado.
As investigações duraram cerca de um ano. Cerca de 150 policiais civis participam da operação. O nome
Operação Kilowatt foi dado porque a investigação iniciou depois de uma suspeita de superfaturamento em uma obra de rede elétrica.