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03/03/2015 | 05:20 | Educação | Três de Maio

Estudo aponta perda de 15 tonelada/hora de solo em microbacia de 500 hectares

Acadêmicos do curso de Agronomia realizaram pesquisa no Lajeado Cavalheiro, em Doutor Mauricio Cardoso

Acadêmicos do curso de Agronomia realizaram pesquisa no Lajeado Cavalheiro, em Doutor Mauricio Cardoso
Foto: Assessoria de Comunicação da SETREM
A experiência rural de Marcelo Alcir Schwantz, filho de agricultor que cresceu observando a resistência dos produtores rurais quanto à questão do terraceamento agrícola, o levou a realizar pesquisa na microbacia do Lajeado Cavalheiro, em Doutor Mauricio Cardoso, para verificar as perdas de solo. Em conjunto com os colegas acadêmicos de Agronomia da SETREM, Élder José de Lima e Eduardo Luis Juliani, sob orientação do professor doutor Rodrigo Pizzani, Schwantz escolheu uma propriedade sem terraceamento. “Observamos em Dr. Mauricio Cardoso outra área que evoluiu muito e se tornou referência regional em conservação do solo, enquanto na microbacia que escolhemos, em Esquina Andrades, não havia trabalho de conservação realizado”, destaca.
Após visita às nascentes e levantamentos fotográficos de erosões, durante chuva que até aquele momento registrava 60mm de precipitação, foram feitas as coletas de amostras de água, sempre com observância às metodologias e normas da ABNT de coleta, medição da vazão e secagem das amostras. “Distribuímos a perda pela área da microbacia. Coletamos em uma segunda-feira e, ao longo da semana, choveu mais 400mm. O Rio Uruguai subiu mais de 20 metros. O resultado surpreendeu, pois a perda foi em torno de 15 toneladas por hora em uma microbacia de 500 hectares. Fazendo um cálculo de oito dias em que choveu com uma média de oitos horas de chuva por dia, podemos estimar uma perda de mais de 500 toneladas de solo naquele período. Cabe ressaltar que só foi avaliada a perda do sólido em suspensão, mas o resultado certamente seria ainda maior se fosse avaliado também o sólido no fundo do rio”, ressalta Schwanz.
As enxurradas
Para o acadêmico Élder José de Lima, este resultado provém de questões que envolvem má conservação do solo e manejo inadequado. “O agricultor pensa erradamente que somente o sistema de semeadura direta fará com que a enxurrada seja evitada. Grande parte dos sólidos que chegam ao rio são consequência da enxurrada originada de chuvas, da água que não infiltra, do solo sem cobertura de palha e da questão das rampas de declividade – terraceamento, o que evitaria o deslocamento de solo”, explica.
“Também observamos ao longo do estudo a vegetação, a mata ciliar e o princípio de boçoroca, direcionado a água para o Lajeado. Há, ainda, a questão das estradas rurais mal planejadas, o que resulta em grandes perdas de investimento público em conservação devido a destruição causada pela chuva, tudo por falta de um trabalho geral com os produtores. Fazer um sistema de terraceamento em uma propriedade não vai adiantar se a propriedade vizinha não fizer. É preciso toda microbacia ser abrangida para haver resultados”, complementa Schwantz.
Para combater as perdas de solo, um longo trabalho deve ser executado. Porém, segundo Lima, alguns pontos podem ser imediatamente observados pelo produtor rural. “As melhorias no sistema de semeadura direta, a questão das culturas em si e do manejo das microbacias, a reconstrução de terraços e a questão da conservação das matas ciliares e das Áreas de Preservação Permanente (APPS), seriam o início de um trabalho de recuperação”, explica Lima, complementado por Schwantz: “É fundamental a conscientização do produtor de saber importância de manter o solo ali. Não há como voltar atrás, pois a recomposição de um centímetro de solo leva milhares de anos”.
Continuação das pesquisas
Em imagens de satélite (Nachtigal) no período das pesquisas, os acadêmicos observaram na Bacia do Prata, constituída pelas sub-bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, a grande quantidade de solo levado pelas águas. “A coloração diferente, marrom, na foz da Bacia, demonstra a significativa perda. Vemos isso com muita preocupação, pois sabemos que estamos em uma das principais regiões produtoras de alimento do mundo, e visualizamos o quanto o melhor do solo, formado pela matéria orgânica e fertilizantes, está indo embora”, ressalta Schwantz.
O trabalho dos acadêmicos foi apresentado no Salão de Pesquisa SETREM (SAPS), nos Seminário de Solos de Horizontina e Doutor Mauricio Cardoso, e também foi enviado para um Congresso Paranaense. A pesquisa terá continuidade e será transformada em Trabalho de Conclusão de Curso após a comparação com a microbacia de Pedregulho, na área de Londero, também em Doutor Mauricio Cardoso, que tem um trabalho de 20 anos desenvolvido na conservação dos solos.
Fonte: Assessoria de Comunicação da SETREM
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