Os tempos mudaram e as mulheres conquistam cada vez mais seu espaço na sociedade. Mas
se engana quem pensa que as coisas ficaram mais fáceis. A luta das mulheres pela igualdade é diária, dando conta da jornada dupla, driblando o machismo e enfrentando o
preconceito. Neste Dia Internacional da Mulher, a Hora conta a história de duas mulheres que representam a luta de todas elas.
Dos 43 anos de vida, 25 deles
a taxista Valéria Barbosa de Freitas passou atrás de um volante. Atualmente é de um táxi em Palhoça, mas já dirigiu ônibus, caminhão e
ambulância. Apesar da experiência na profissão, Valéria ainda luta contra o preconceito. Foram inúmeras situações em que ela conta ter sido
humilhada e destratada, somente pelo fato de ser do sexo feminino.
— Não é fácil, existe muito preconceito entre os passageiros e
até com os colegas de profissão. Todo os dias preciso provar que sei dirigir bem e sou capaz, mesmo com tantos anos de experiência — conta.
Quando dirigia ambulância em Manaus, viveu situações em que pacientes se negaram a entrar no veículo quando viram que era uma mulher a motorista. Como
instrutora de autoescola, já teve que ouvir de alunos que queriam um homem para aprender melhor.
— Troco pneu, entendo de parte elétrica,
mecânica e o que mais for preciso. Nunca fiquei na mão e mecânico nenhum me engana. As pessoas perguntam se não tenho medo. Já fui assaltada, mas o
preconceito é pior, machuca demais.
Não foi só na profissão que Valéria lutou para superar o preconceito. Aos 19 anos foi mãe
solteira e discriminada na cidade onde vivia. Já sofreu violência física de um ex-namorado, e quando encerrou o relacionamento algumas amigas não
concordaram.
Apesar de todos os desafios, ela diz que ama ser mulher, e tem verdadeira admiração por todas as mulheres que, como ela, enfrentam tudo
e conseguem chegar lá. E tudo isso sem deixar a vaidade de lado. Valeria adora se arrumar, e tem orgulho de dizer que é independente e boa profissional:
— A mulher já nasce sendo discriminada. Meu desejo é ser valorizada pelo meu profissionalismo, como acontece com muitos homens. É assim que quero ser
reconhecida — finaliza.