E Laura reassumirá com a possibilidade de lotação na Delegacia
Especializada de Defesa da Mulher (Deam) Central de Goiânia, onde a titular, Ana Elisa Gomes Martins, carente de reforço, garante uma boa recepção.
— Se ela vier, será recebida com profissionalismo e para atender uma grande demanda de um público carente — informa a delegada Ana Elisa, que
chefia uma especializada com três delegadas adjuntas e quatro plantonistas, todas sobrecarregadas pela violência contra a mulher.
A mudança de
nome de Thiago para Laura foi autorizada pela Justiça e por isso o novo registro civil do delegado passou a ser do sexo feminino.
No Facebook, desde o
final de outubro, Laura já exibia o novo visual, contrastando bastante com a imagem pública do então delegado Thiago, geralmente usando terno, camisa de mangas
compridas e outras peças todas do vestuário masculino.
Na foto mais recente, postada em 13 de dezembro, a delegada aparece com o rosto maquiado e vestida
com a camiseta preta padrão com o timbre da Polícia Civil, muito utilizada pelos policiais da corporação durante operações.
Os cabelos longos e bem escovados nem de longe lembram as madeixas desalinhadas e amarradas, geralmente em um rabo de cavalo, mantidas presas sempre que concedia entrevistas sobre
casos policiais.
A história foi revelada nesta quinta-feira, pelo jornal Diário da Manhã (DM), que dá como certa a posse dela como
delegada da Mulher de Goiânia. A reportagem mostrou a surpresa de alguns ex-colegas de trabalho com as mudanças feitas por Thiago.
— O delegado
era implacável em ações que exigiam demonstração de 'macheza' e sua conduta era de um homem que exalava testosterona, não de um
indivíduo que pudesse mudar de sexo e vir a se tornar uma figura feminina — declarou um escrivão ouvido.
Policial tido como sério, com
atuação firme nas operações de combate à criminalidade promovidas pela Polícia Civil, onde ingressou há cerca de quatro anos, Thiago foi
delegado titular das cidades de Trindade e Senador Canedo, ambas na região Metropolitana de Goiânia.
Também atuou como coordenador do grupo
especial de repressão a narcóticos (Genarc) da cidade de Porangatu, no Norte de Goiás.
Outros detalhes pessoais sobre a vida do policial que vieram
a público com a mudança de sexo, dizem respeito ao passado de Thiago, que foi casado e tem dois filhos.
Uma fonte da Polícia em Goiânia
informou, solicitando o anonimato, que a mudança de sexo "não foi uma surpresa de agora, já que a licença e a viagem à Tailândia eram sabidas
de algumas pessoas há alguns meses". A fonte sinalizou que, nos bastidores da corporação, a condição do delegado era conhecida, "mas não
comentada amplamente, inclusive porque ele tem uma atuação linha dura".
O caso é tratado com cuidados pela Secretaria de Segurança
Pública (SSP). A assessoria de imprensa da Polícia Civil evitou informar os contatos da delegada Laura.
Segundo a assessoria, o diretor geral da PC,
delegado João Carlos Gorski, não comentará o caso, justificando se tratar de assunto pessoal "que não afetará em nada a parte administrativa" do
cargo exercido pela delegada, já que houve autorização judicial para a mudança de nome.
Ainda segundo a assessoria, não
há definição, por enquanto, sobre a próxima lotação de Laura, indicando que não está confirmada ou descartada uma
atuação como delegada da mulher.
Na Delegacia da Mulher, tradicionalmente, a maior parte dos postos de delegados é ocupada por mulheres, mas
algumas vezes já foram ocupados por homens. Na Especializada, homossexuais homens, como travestis, não são atendidos.
O atendimento é
exclusivo para mulheres, entre as quais lésbicas vítimas de violência.