O
Seminário Geral, tradicional evento que marca oficialmente o retorno às atividades na Sociedade Educacional Três de Maio (SETREM), foi realizado na segunda-feira, 10, no
auditório da Instituição, com a presença da direção, professores e colaboradores. Após as boas vindas do diretor geral Flavio Magedanz e a
acolhida da pastora Marisa Sandra Allebrandt, o vice-diretor da Faculdade Três de Maio Sandro Ergang convidou o neurocientista e professor da Universidade Federal do Paraná
(UFPR) Fernando Mazzilli Louzada para iniciar sua palestra, que teve como tema "Neurociência e Educação".
Inicialmente o palestrante
apresentou a neurociência - uma ciência ampla e de várias vertentes - e sua inserção na educação. "Uma dessas vertentes é tentar
entender o que acontece no cérebro durante os processos relacionados à aprendizagem, como durante a leitura ou a escrita. Ou seja, aqueles processos que o educador trabalha
todos os dias em sala de aula. A neurociência já está compreendendo o que acontece nestes casos e conseguindo explicar os motivos de, às vezes, não ocorrer
o aprendizado", explica Louzada.
Um dos questionamentos abordados pelo neurocientista refere-se à forma do trabalho em sala de aula. "Paramos para
pensar até que ponto faz sentido trabalhar com tantas informações que já estão acessíveis aos alunos nos livros e computadores. Talvez possamos
abrir espaço para desenvolver outras habilidades. No momento em que trabalhamos na perspectiva do acesso livre às informações, precisamos abandonar a
inteligência cristalizada - que tem ligação como o acúmulo de informações - e trabalhar com a inteligência fluida - ligada ao desenvolvimento
das habilidades", argumenta.
O amadurecimento do cérebro
Louzada destaca que não nascemos com o cérebro
maduro e que esse processo de amadurecimento leva muitos anos e depende de uma série de fatores. "Não adianta querer exigir determinadas compreensões de uma
criança, como se o cérebro dela já estivesse pronto. O cérebro não está pronto nunca. Nós, adultos, projetamos o futuro, traçamos
planos e percebemos a importância do estudo para o mundo do trabalho. Essas dimensões temporais não fazem parte do pensamento da criança e do adolescente. Isso
não ocorre porque ela é irresponsável, mas porque para que tenhamos esse pensamento no futuro, o cérebro precisa estar maduro. A criança não tem
como perceber o sentido em estarmos pensando como será nossa vida em cinco ou 10 anos", afirma o neurocientista.
O reconhecimento
imediato
Um dos exemplos apresentados por Louzada mostra o porquê do interesse de crianças e adolescentes por videogames e de que forma isso
deveria ser incorporado ao ambiente educacional. "Os jogos apresentam objetivos de maneira clara, metas definidas e etapas propostas em diferentes graus de dificuldade. A pessoa
não joga para 'zerar o jogo' daqui a um ano, mas para vencer as etapas, sendo premiado e tendo o reconhecimento dos amigos naquele momento. Esquecemos de fazer isso no
ambiente de aprendizagem e jogamos a recompensa, o prêmio ou a meta lá para frente. Os alunos não têm a capacidade de avaliar isso. Eles querem satisfazer as
necessidades imediatas", argumenta.
Segundo o neurocientista, é precisa pensar em como estão sendo trabalhadas as motivações desses
alunos, quais são elas para o presente e para o futuro, mas sem projetar apenas este futuro. "No presente, na hora, é indispensável existir algum prazer, alguma
emoção", conclui Louzada.