05/06/2023 | 18:12 | Geral
Operação era esperada para a primavera no Hemisfério Norte e tem objetivo de romper ponte terrestre erigida pelo Kremlin
Os ataques com drones nas últimas semanas em Moscou podem ser vistos como eventos isolados de uma guerra que já passa de 15 meses no Leste Europeu. Ou a História poderá descrevê-los como um ponto de inflexão após o longo inverno, no qual vitórias relativas da Rússia pressionaram, na mesa de negociações, por um cessar-fogo nos termos de Vladimir Putin.
Na semana passada, um drone foi arremessado contra o bairro de Rublyovka, onde mora a elite russa na capital. No dia 6 de maio, outra aeronave não tripulada caiu sobre o mastro da bandeira no Kremlin. Mais do que os estragos, há o poder simbólico desses eventos, que podem indicar o início de uma nova fase do conflito.
Desde domingo (4), estaria em marcha a contraofensiva ucraniana prometida para a primavera no Hemisfério Norte para abrir fissuras na linha de frente russa em Donetsk, uma das duas regiões separatistas que Putin julgava ter consolidado a anexação. Seriam dois os focos: Bakhmut, ocupada em maio pelos mercenários do grupo Wagner, e Zaporizhia, onde fica a maior usina nuclear da Europa.
Uma vez abertos buracos nessas frentes, a Ucrânia acredita que romperá a ponte terrestre erguida pelo Kremlin entre o território russo e a Crimeia anexada em 2014.
Nesta segunda-feira (5), a Ucrânia silencia, propositalmente, sobre a ação militar. Um porta-voz de suas forças armadas, Bohdan Senyk, disse à CNN que “não tem informações” sobre a suposta “ofensiva em larga escala”. É uma tentativa, ainda que inócua em pleno século 21, de manter o efeito-surpresa.
Na guerra da desinformação que caracteriza todos os conflitos (mas este, em particular), a Rússia disse ter repelido um ataque com duas brigadas envolvidas em Donetsk. Os militares afirmaram ter matado 250 ucranianos e destruído veículos blindados usados no ataque, mas forneceram poucas evidências.
Coube aos Estados Unidos anunciar o suposto início da ofensiva, baseado em informações de seus satélites. Provavelmente, tudo armado com o governo ucraniano a fim de manter a dúvida no ar.
Além de uma eventual vitória concreta no teatro de operações, um avanço ucraniano no terreno pode ter efeitos na mesa de negociações. Com Donetsk e Luhansk ocupadas e anexadas pela Rússia, um cessar-fogo eventualmente só ocorreria se o status quo fosse mantido - ou seja, Putin seria o vitorioso. A fragmentação no terreno, por outro lado, demonstra ao mundo que a guerra ainda não acabou.
20/09 08:40
20/09 06:32