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16/10/2023 | 07:45 | Geral

Filha de brasileira está entre os reféns do Hamas:

Celeste Fishbein estava no kibutz de Be'eri quando ocorreu o ataque

Celeste Fishbein estava no kibutz de Be'eri quando ocorreu o ataque
Celeste, 18 anos, enviou a última mensagem para a família às 11h23min de sábado (7), dia do ataque - Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

Filha de brasileira, Celeste Fishbein, 18 anos, é uma das reféns do Hamas. No sábado (7), dia do ataque, ela estava em um bunker com o namorado no kibutz de Be'eri, quando os terroristas chegaram. Be'eri foi um dos locais mais devastados pela ação do grupo. No local, foram encontrados mais de cem corpos. 

Celeste morava em uma casa no kibutz próxima à da mãe, Gladys, 61 anos, e a da avó, Sarah, 94. A família é natural de Guaratinguetá, interior de São Paulo. Celeste nasceu em Israel.

Na noite de sexta-feira (6), o casal se despediu e foi para a sua residência. O ataque começou às 6h40min de sábado (7). Enquanto os terroristas percorriam, matando e sequestrando, os moradores, a família se comunicava pelo grupo de WhatsApp. Às 11h23min, Celeste parou de enviar mensagens. 

A outra parte da família ficou no bunker por 20 horas até ser liberada. Quando o exército chegou à casa de Celeste encontrou as portas da residência e do bunker abertas, mas não havia sinais de violência física. Os dois também não estavam lá. O tio de Celeste, Mario Ricardo Fishbein, 66 anos, contou a GZH que o exército de Israel informou que o sinal do celular da sobrinha foi detectado, pela última vez, na Faixa de Gaza. Baseados nessa informação, os militares constataram que ela está sequestrada. A seguir, os principais trechos da conversa com Fishbein, que vive em Natânia, ao norte de Tel Aviv.

O que o senhor sabe sobre a Celeste?
A notícia que temos é de que ela está sequestrada em Gaza. Foi oficialmente informado pelo exército, que ela está lá..

Ela estava no kibutz de Be'eri, invadido pelo Hamas?
Sim, estava trabalhando lá como babá quando aconteceu esse ataque. Desde sábado pela manhã, não temos notícias dela. 

Vocês chegaram a pensar que ela não havia sobrevivido?
Mesmo sequestrada não se sabe em que situação está. Está sequestrada, mas não sabemos como está.

O que vocês sabem sobre o ataque?
Celeste estava lá (em Be'eri), era um fim de semana festivo. Estavam todos lá: minha mãe, irmã, meu sobrinho, a cuidadora da minha mãe. Minha mãe tem 94 anos. Na sexta (6), depois do jantar, Celeste foi para casa dela, que fica perto da casa da minha mãe. Às 6h30min (de sábado), começou o ataque com mísseis. Eles entraram nos bunkers. Já estão acostumados: quando há ataques com mísseis, entram no bunker, e, depois de certo tempo, saem. Mas começaram a entrar nas redes sociais do kibutz que, dessa vez, que havia terroristas dentro do kibutz. Pediram para as pessoas se trancarem nos bunkers e para que aguardassem avisos. Eu, aqui na minha casa, no centro de Israel, eles, lá. A Celeste, na casa dela. Na casa da minha mãe, as pessoas lá (no bunker). Estávamos nos comunicando pelo grupo de WhatsApp da família. Até que às 11h23min da manhã, foi a última vez que ela (Celeste) escreveu. Depois disso, não tivemos mais notícias dela.

O que ela dizia nessa última mensagem?
Que terroristas estavam mandando mensagens e imagens de telefones das vítimas. Pedia para que tivessem cuidado.

E sua mãe?
Moramos em Israel há 52 anos. Cresci lá (em Be'eri), minha irmã cresceu lá, minha mãe ainda mora lá. Meu pai está enterrado lá. Minha mãe mora desde que chegamos a Israel lá. 

Sua mãe chegou a ver os terroristas?
Eles foram liberados depois de ficarem por 20 horas dentro do bunker: fechados, sem luz, sem água, sem ar, sem comida, sem banheiro. Depois de 20 horas, foram liberados e levados ao hospital. Quando tiveram alta, os trouxemos para o centro de Israel.

Chegaram a entrar na casa da sua mãe?
Na casa dela, não tem explicação: não sei se foi milagre. Não sei nem o que dizer. Na casa da minha mãe nem entraram. O que faziam: eles entravam nas casas, abriam a porta com força, entravam. Se havia pessoas dentro dos bunkers, eles tentavam abrir as portas. Se não conseguissem, queimavam as casas para que as pessoas saíssem para fora e as matavam. Na casa da minha mãe, não abriram nada. Bateram na porta, tocaram a campainha, perguntando se havia alguém dentro e foram embora. Várias vezes. Mas nem entraram, foi uma das poucas casas em que não entraram. É verdadeiramente um milagre.

E na casa da sua sobrinha, o que o senhor sabe sobre o ataque?
Ninguém de nós foi lá. Minha mãe e os demais foram evacuados às 4h. O exército chegou e tirou as pessoas o mais rapidamente possível. Estavam ainda sob ataque terrorista. Tanto que, na evacuação, foram atacados outra vez. Minha mãe recebeu de raspão uma bala na nuca, meu sobrinho, na perna. Quando estavam sendo evacuados, rodeados por soldados.

Celeste estava com quem no bunker?
Com o namorado dela. Os dois desapareceram. 

E o exército de Israel, o que disse sobre a casa da sua sobrinha?
Quando o exército chegou, a casa estava aberta. Conseguiram entrar no bunker, mas não havia nenhum indício de sangue. Não atiraram neles, não os mataram naquele lugar. Levaram-nos embora. 

Como está a sua irmã, mãe da Celeste?
Minha irmã não está desesperada, mas muito preocupada. Claro que muito preocupada, mas com esperança muito grande de que a filha esteja bem. Não dá para dizer que está animada, mas, depois da notícia de que o corpo dela não foi encontrado, que o telefone dela foi localizado em Gaza, a conclusão é de que ela está lá.

O sinal do celular de Celeste foi localizado lá?
Sim, por isso, sabemos que ela está sequestrada. A última vez que o celular foi localizado estava em Gaza. 

O que vocês pretendem fazer agora?
Estamos em contato com o governo de Israel, mas não temos nenhuma informação. Claro que não por parte do Hamas, que não dão informação para ninguém. Mas o governo de Israel também não tem muita informação. Sabem mais ou menos quem está em Gaza (sequestrados). Não sabem a situação de cada pessoa. São aparentemente umas 200 pessoas sequestradas, entre elas bebês, crianças, senhoras de idade, homens... Não temos informação. Estamos aqui vendo se conseguimos algum esforço internacional para solucionar essa questão dos sequestrados, entre eles minha sobrinha.

Fonte: GZH
Celeste Fishbein estava no kibutz de Be'eri quando ocorreu o ataque
A família do interior de São Paulo. Celeste aparece à direita na foto. A mãe, Gladys (E) e a avó Sarah (ao centro) - Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
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