O alerta do suposto rompimento do dique do Arroio Feijó, na zona norte de Porto Alegre, gerou caos, buzinaço, cantadas de pneus e trânsito intenso na tarde deste domingo (5). A estrutura fica nas proximidades da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e não se rompeu, mas está extravasando desde sábado (4). Isso significa que a água superou a altura da contenção, passando por sobre o limite e se espalhando pela região.

Por volta das 14h30min, homens passaram a bater em casas do Sarandi, no trecho compreendido entre as avenidas Assis Brasil e Baltazar de Oliveira Garcia, geograficamente mais elevado, afirmando que o dique tinha se rompido e que deveria ser feita a evacuação imediata. Pelo menos parte desses indivíduos se identificou como integrante da Polícia Civil, aparentemente uniformizados.

Rapidamente passou a circular no bairro, tanto em mensagens de telefone quanto nas calçadas, o boato de que o dique havia rompido e a suposta ordem de evacuação, com risco iminente de alagamento.

Isso deflagrou um intenso movimento de veículos pelas ruas do bairro, que são de limitada capacidade de fluxo. Carros lotados por famílias inteiras, carregados com malas e transportando animais, desde cães a papagaios, subiam nervosamente a Rua Lila Ripoll, que dá acesso à Avenida Baltazar de Oliveira Garcia e também é trajeto para a Avenida Protásio Alves, em uma eventual busca pela RS-118. 

O clima era de pânico, com muita buzina, roncos de motor, cantadas de pneu e gritaria. Pedestres também caminhavam apressados com mochilas nas costas e garrafas de água nas mãos. Os gritos que se ouviam de longe reproduziam a versão do suposto rompimento do dique.

Neste contexto de caos, o prefeito Sebastião Melo se manifestou ao vivo na Rádio Gaúcha. Ele assegurou que o dique do Arroio Feijó não se rompeu. Acrescentou que está acontecendo um extravasamento gradual de água desde sábado, mas que isso é diferente da ruptura, o que poderia causar uma invasão mais forte da água, com ondas velozes.

Melo afirmou que equipes do município trabalharam no reforço da estrutura, para que ela continue sustentando a força da água, e disse que será o primeiro a emitir o alerta em caso de ruptura real. Os boatos de rompimento da estrutura já estavam circulando desde o sábado, mas, até o momento, isso não aconteceu de fato.

O caos durou pouco mais de uma hora na região residencial do Sarandi. Em torno das 16h, o fluxo de veículos já havia sido reduzido consideravelmente.

Embora o dique siga de pé, apesar do extravasamento, há várias zonas de alagamento severo na parte baixa do Sarandi, no entorno da Fiergs. Há casas que foram tomadas pela água em mais de um metro, forçando o deslocamento de muitas famílias.

A prefeitura de Porto Alegre emitiu comunicado pela internet solicitando que moradores do Sarandi saiam de suas casas "imediatamente" e se dirijam ao teatro Renascença, na Avenida Erico Verissimo, número 307.