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25/07/2024 | 05:41 | Geral

Luciano Hang é condenado à prisão pela Justiça do RS por chamar arquiteto de ''esquerdopata''

Empresário publicou vídeo em 2020 atacando homem que liderava campanha contra instalação de réplica da Estátua da Liberdade junto a loja da Havan na serra gaúcha. Ele afirma que vai recorrer da decisão

Empresário publicou vídeo em 2020 atacando homem que liderava campanha contra instalação de réplica da Estátua da Liberdade junto a loja da Havan na serra gaúcha. Ele afirma que vai recorrer da decisão
Hang foi condenado por injúria e difamação. Foto de entrevista concedida a Zero Hora em 2018. Anselmo Cunha / Especial

A 1ª Câmara Especial Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) emitiu uma sentença condenando o empresário Luciano Hang por difamação e injúria contra o arquiteto Humberto Tadeu Hickel.

Hang foi considerado culpado por ter chamado Hickel de "esquerdopata" e sugerido que ele "vá para Cuba" em um vídeo publicado nas redes sociais em 2020, após o arquiteto liderar uma campanha contra a instalação de uma réplica da Estátua da Liberdade próxima a uma filial da Havan em Canela, na serra gaúcha, alegando que a construção do monumento desrespeitava o ambiente urbano e o Plano Diretor da cidade.

— Depois do vídeo recebi centenas de xingamentos de pessoas que inundaram minhas redes sociais para me ofender, e inclusive ameaças, o que me deixou muito nervoso, tive que ficar de cama porque faço acompanhamento com cardiologista e afetou minha saúde. Além disso, tive que mudar meus hábitos e deixar de andar com meus netos pelas ruas de Canela, como costumava fazer, o que me entristeceu muito — conta o arquiteto.

O TJRS decidiu que o proprietário da Havan deve cumprir pena de 1 ano e 4 meses em regime aberto, além de quatro meses de detenção, que serão convertidos em duas penas restritivas de direitos. Essas penas incluem a prestação de serviços à comunidade, com um compromisso diário de uma hora, e o pagamento de uma multa pecuniária no valor de 35 salários mínimos (R$ 49,4 mil), que será destinada ao apelante. Adicionalmente, ele recebeu uma penalidade financeira de 20 dias-multa, cada um correspondendo a 10 salários mínimos (R$ 14,1 mil a cada dia, totalizando R$ 282,4 mil).

A decisão foi tomada durante sessão realizada na terça-feira (23), presidida pelo desembargador Luciano Andre Losekann, tendo como relator o desembargador Marcelo Machado Bertoluci.

Luciano Hang comentou a decisão e anunciou que sua defesa vai recorrer: "O Brasil é um país extremamente perigoso para um empreendedor. Na busca de gerar empregos e desenvolvimento, pode ser processado criminalmente por pessoas que se utilizam de ideologias ultrapassadas para impedir a construção de empreendimentos. É o que está acontecendo neste caso. Um absurdo", disse o empresário em nota ao jornal O Globo.

A defesa do arquiteto considera que foi "restabelecida sua honra e seu sentimento de justiça(leia abaixo a íntegra da manifestação).

Nota da defesa do arquiteto

O arquiteto Humberto Hickel, depois de quatro anos, teve restabelecida sua honra e seu sentimento de justiça, através da decisão colegiada do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que hoje enviou uma clara mensagem a toda a sociedade: “não é possível que nós convivamos nesse ambiente de ódio e com o estímulo a esse tipo de discurso de ódio, que têm sido é cada vez mais frequente”.

Luciano Hang foi condenado a penas de 1 ano e 4 meses de reclusão e 4 meses de detenção em regime aberto e multas de que somam aproximadamente 300 mil reais; ele será beneficiado pela conversão de prisão em prestação de serviços à comunidade equivalente a 1 hora por dia de condenação, e pagamento de 35 salários mínimos à vítima Humberto Hickel.

Marcelo Mosmann, OAB/RS 72790 – OAB/SC 62773-A

José Henrique Salim Schmidt, OAB/RS 43.698

Nota da Havan

Nesta terça-feira, 23, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul reverteu a decisão de primeira instância e considerou o empresário Luciano Hang culpado por injúria e difamação contra o arquiteto Humberto Hickel.

O caso teve início quando Humberto Hickel promoveu um abaixo-assinado contra a instalação da Estátua da Liberdade em Canela, alegando que o símbolo era contrário à cultura local.

Luciano Hang, ao descobrir que Hickel era ideologicamente de esquerda, contrário ao empresário e à Havan, fazendo, inclusive, críticas na internet, publicou um vídeo nas redes sociais chamando Hickel de “esquerdopata”.

Insatisfeito com a repercussão, Hickel apresentou uma queixa-crime contra Hang, alegando injúria e difamação.

Num primeiro momento, a juíza de Canela, Simone Ribeiro Chalela, julgou a ação improcedente, seguindo parecer do Ministério Público, que não viu crime nas declarações de Hang, considerando-as uma resposta a críticas e ofensas de Hickel. A juíza destacou ainda que não se pode criminalizar o debate político.

Apesar disso, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul revisou a decisão e, por maioria, condenou Hang, com apenas um voto a favor do empresário.

Fonte: GZH
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