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08/08/2024 | 04:49 | Geral

Celso Amorim vê risco de ''conflito muito grave'' na Venezuela

Ex-ministro das Relações Exteriores destaca perigo no desfecho eleitoral e sugere acordo com garantias para todas as partes; Brasil, Colômbia e México pressionam por dados

Ex-ministro das Relações Exteriores destaca perigo no desfecho eleitoral e sugere acordo com garantias para todas as partes; Brasil, Colômbia e México pressionam por dados
Amorim afirmou que o governo brasileiro aposta na mediação e foi reconhecido, inclusive pelos Estados Unidos, como país com capacidade de promover a c

O ex-chanceler Celso Amorim, chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, disse à Globonews nesta quarta-feira (7) que a crise política na Venezuela pode levar a um desfecho de "conflito muito grave" entre partidários de Nicolás Maduro e da oposição. Amorim sugeriu que uma solução passa por um acordo que inclua "anistia e garantias recíprocas" entre as partes.

— Pode ocorrer um conflito muito grave. Não quero usar a expressão guerra civil, mas temo muito — disse.

Amorim reconheceu que o opositor Edmundo González Urrutia pode ter de fato vencido a eleição, mas afirmou não confiar nas cerca de 80% de atas colhidas pelos militantes e divulgadas na internet, tampouco em sistemas de contagem rápida ou pesquisas de bocas de urna. Amorim esteve na Venezuela na eleição, quando se reuniu com Maduro.

Desde que o pleito terminou, organizações da sociedade civil denunciaram 2 mil prisões, cerca de duas dezenas de mortes e detenções arbitrárias de assessores da campanha de Edmundo González.

Comandantes das Forças Armadas do país declararam lealdade a Maduro e rejeitaram um apelo de González para abandonar a repressão — ele oferecia a militares e policiais "garantias" em nome do "novo governo".

Amorim afirmou que o governo brasileiro aposta na mediação e foi reconhecido, inclusive pelos Estados Unidos, como país com capacidade de promover a conciliação, ao lado de Colômbia e México. Ele insistiu na demanda de que o regime forneça publicamente dados que atestem o resultado das eleições.

O assessor especial admitiu também que Maduro ainda não "entregou nada" do que pedem os três países, mas defendeu ser necessário insistir na estratégia do diálogo com o regime, até mesmo caso seja verificada uma vitória da oposição, para mediar uma eventual transição de governo.

Por isso, o ex-ministro das Relações Exteriores afirmou que as partes precisam pensar em garantias e anistia para ambos, a fim de que suas lideranças possam voltar a conviver normalmente.

A polêmica das atas
Desde proclamação da vitória de Maduro pelo Conselho Nacional Eleitoral, órgão controlado pelo chavismo, os governos de Brasil, Colômbia e México cobram a divulgação de todas as atas de votação, documentos que permitam uma verificação imparcial sobre quem saiu vitorioso.

Amorim destacou que não sabe quanto tempo o governo brasileiro irá aguardar e que não entendeu por que razão Maduro decidiu acionar o Tribunal Supremo de Justiça — controlado por aliados — para abrir um processo e certificar a eleição. O CNE diz ter entregue as atas ao Judiciário. O ex-chanceler cogitou que o tribunal possa averiguar, sob demanda de Maduro, a alegada tese, difundida pelo oficialismo, de que o órgão eleitoral foi hackeado.

Passagem pela Venezuela
Amorim esteve em Caracas por três dias inteiros, no fim de julho, e afirmou ter testemunhado a votação transcorrer em clima de "normalidade". Ele manteve encontros com outros observadores internacionais, especialistas no sistema de votação venezuelano e com autoridades do regime. Visitou Maduro no Palácio Miraflores e recebeu González na embaixada do Brasil.

Segundo o enviado do governo Lula, o clima de aparente tranquilidade em Caracas começou a mudar após a divulgação da reeleição do chavista, quando ele ainda estava fazendo a visita no palácio presidencial. 

A segurança local comunicou sobre as primeiras manifestações de opositores ao resultado anunciado e o perguntou se seu carro era blindado. Celso Amorim decolou de volta a Brasília no dia seguinte.

Fonte: GZH
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