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02/02/2023 | 11:43 | Geral

Morre a jornalista Gloria Maria

Apresentadora foi diagnosticada com um tumor no cérebro em 2019, mas a causa da morte não foi informada

Apresentadora foi diagnosticada com um tumor no cérebro em 2019, mas a causa da morte não foi informada
Gloria Maria foi pioneira na TV brasileira ao ser a primeira pessoa a entrar ao vivo e em cores - Zé Paulo Cardeal / TV Globo/Divulgação

A jornalista Gloria Maria morreu no Rio de Janeiro na manhã desta quinta-feira (2), no hospital Copa Star. A causa da morte não foi informada. No mês passado, Gloria havia sido internada para "dar sequência a um tratamento" de saúde. A notícia foi confirmada em nota divulgada à imprensa pela Globo.

Ao lamentar o falecimento, a emissora afirmou no comunicado que "em meados do ano passado, Gloria Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias".

Em 2019, a jornalista e apresentadora foi diagnosticada com um tumor no cérebro, que apresentou metástase, e ela precisou passar por cirurgia. À época, o tratamento teve êxito.

Em dezembro de 2022, a Globo anunciou que Gloria precisaria ficar afastada do Globo Repórter por questões de saúde e que ela retornaria à TV apenas em 2023. Também foi informado que ela já estava fora do trabalho há alguns meses. 

Em março do ano passado, Gloria Maria esteve no Roda Viva e comentou sobre o tratamento.

— Se eu não tivesse descoberto naquele momento, o tumor me mataria em 15 dias. Criou um edema que inflamou e me fez ter uma convulsão. Vivi a primeira bênção porque não me deixou sequelas. Tinha 30%, 40% de chance de sobreviver e 20% de sobreviver sem sequelas. Mas não tive medo. A vida é isso. Você está vivo para passar por todo o tipo de experiência. É que o ser humano tem a tendência de querer viver num mundo cor-de-rosa — contou.

Leia a nota da Globo na íntegra:
A jornalista Gloria Maria morreu essa manhã. Em 2019, Gloria foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia, e metástase no cérebro, tratada cirurgicamente, inicialmente também com êxito. Em meados do ano passado, a jornalista iniciou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias. Gloria marcou a sua carreira como uma das mais talentosas profissionais do jornalismo brasileiro, deixando um legado de realizações, exemplos e pioneirismos para a Globo e seus profissionais. Gloria deixa duas filhas, Laura e Maria.

Trajetória
Nascida no Rio de Janeiro, filha de um alfaiate e uma dona de casa, a jornalista veio de um lar humilde. Na infância e adolescência, ela sempre estudou em escolas públicas, nas quais costumava ser aluna destaque, como contou em entrevista ao portal Memória Globo:

— Aprendi inglês, francês, latim e vencia todos os concursos de redação da escola. 

Ela estudou jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio) e, à época, conciliava a graduação com um emprego de telefonista na extinta Embratel. Em 1970,  por indicação de uma amiga, começou a trabalhar na Globo como radioescuta. Gloria fazia rondas por telefone em batalhões e delegacias e ouvia as frequências dos rádios da polícia, em busca de pautas. 

Um ano depois,  ela passou a atuar como repórter de televisão. A estreia foi na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Nesta época, Gloria teve passagem por jornalísticos como o Jornal Hoje, o RJTV e o Bom Dia Rio — foi dela, inclusive, a primeira reportagem a ir ao ar no matinal carioca, há 40 anos. 

Como repórter do Jornal Nacional, Gloria Maria fez história. Ela foi a primeira pessoa a entrar ao vivo e em cores no telejornal, para mostrar o movimento de saída de carros do Rio de Janeiro em um fim de semana. A passagem quase não entrou no ar por conta de uma lâmpada queimada, conforme revelou a jornalista ao Memória Globo.

— Eu estava dura, rígida, porque não podia errar. Era a primeira entrada ao vivo — lembrou Gloria. — Faltavam cinco, 10 minutos, era o técnico que ficava com o fone para me dar o "vai". Quando a lâmpada queimou, faltava um minuto para a entrada ao vivo. O jeito foi acender a luz da Veraneio (carro da emissora).

No JN, Gloria Maria cobriu acontecimentos como a posse do presidente norte-americano Jimmy Carter e entrevistou nomes como o ex-presidente da ditadura militar brasileira João Baptista Figueiredo, em 1979. Ela contou ter sido hostilizada pelo militar:

— Foi quando ele (Figueiredo) fez aquele discurso "eu prendo e arrebento". Na hora, o filme acabou e não tínhamos conseguido gravar. Aí eu pedi: "Presidente, é a TV Globo, o Jornal Nacional, será que o senhor poderia repetir?". "Problema seu, eu não vou repetir".

Gloria ainda relatou que, onde ela chegava, o ex-presidente dizia para a segurança: "Não deixa aquela neguinha chegar perto de mim". 

A jornalista viu de perto alguns dos momentos mais marcantes da história mundial. Cobriu a Guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada brasileira no Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998), entre outros.

Em 1986, a jornalista passou a integrar a equipe do Fantástico, do qual foi apresentadora entre 1998 e 2007. Foi no programa dominical que Gloria ficou conhecida por reportagens especiais e viagens a lugares exóticos. Foram mais de cem países visitados, passando pela Europa, África e parte do Oriente, ainda pouco conhecido pelos telespectadores. 

No programa, Gloria também ficou marcada por entrevistar grandes celebridades. Passaram por seu microfone nomes como Michael Jackson, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio e Madonna.

Em 2007, ao lado do repórter cinematográfico Lúcio Rodrigues, a jornalista realizou a primeira transmissão em HD da televisão brasileira. Foi uma reportagem também do Fantástico, sobre a festa do pequi, fruta de cor amarela adorada pelos índios kamaiurás, no Alto Xingu. Versátil, Gloria ia de Hollywood aos confins do Brasil em busca de suas pautas. 

Ela permaneceu por uma década no Fantástico, até pedir uma licença de dois anos para se dedicar a projetos pessoais. Foi neste período que viajou a Índia e Nigéria, onde trabalhou como voluntária, e adotou as filhas Maria e Laura. Ao retornar à Globo, em 2010, pediu para integrar a equipe do Globo Repórter.

Foram nove anos na reportagem do Globo Repórter, visitando diferentes países. Em setembro de 2019, quando Sérgio Chapelin se aposentou, Glória Maria passou a dividir a apresentação do programa com Sandra Annenberg.

Fonte: GZH
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