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16/02/2023 | 06:32 | Geral

Pelo menos 25 supersalários na Corsan superam teto do Executivo gaúcho

Considerada uma autarquia, companhia não está sujeita ao limite, mas distorções de remuneração para mesmos cargos assombra

Considerada uma autarquia, companhia não está sujeita ao limite, mas distorções de remuneração para mesmos cargos assombra
Reprodução internet

A ambição do governo do Estado e da Aegea, empresa que arrematou a Corsan em 20 de dezembro, é de que a audiência de mediação marcada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4)  para esta quinta-feira (16) destrave o processo de privatização.

Mas questões funcionais desafiam a pacificação com o sindicato que representa os funcionários da companhia, o Sindiágua, principal motor das ações judiciais que cercaram a venda. 

Levantamento com base em dados do Portal da Transparência gaúcho mostra que pelo menos 25 funcionários da Corsan tem remuneração bruta acima do teto salarial do serviço público gaúcho, de R$ 35,4 mil. Como se trata de uma autarquia, não está sujeita ao teto, mas é uma situação incomum. Os dados são de novembro de 2022, e não incluem valores de férias e 13º salário. 

O salário mais alto é de um engenheiro efetivado em 1979, que teve vencimento bruto de R$ 68,9 mil mensais. Outros cargos também chamam atenção: um administrador ganhou R$ 45,4 mil; um técnico de segurança do trabalho, R$ 38,8 mil; uma advogada, R$ 37,6 mil; uma contadora, R$ 36,5 mil. Enquanto isso, um diretor ganhou R$ 14,8 mil brutos em novembro de 2022, mas outra pessoa com o mesmo cargo recebeu R$ 29,7 mil no mesmo período. 

A falta de equiparação salarial se repete em casos de função equivalente: uma agente administrativa ganha R$ 31 mil, 28 vezes o valor que outra pessoa recebe (R$ 1,1 mil) no mesmo cargo; um contador tem salário de R$ 37,7 mil, outro demora cinco meses para obter quantia equivalente, recebendo R$ 7,8 mil; um técnico em hidrologia tem contracheque de R$ 36,9 mil, enquanto o do colega no mesmo cargo é de R$ 5,4 mil.

A coluna consultou o presidente do Sindiágua, Arilson Wünsch, para saber como essa situação foi criada. Ele afirma que o número de funcionários com supersalários é superior ao apontado no levantamento - entre 40 e 50, estima -, mas ainda são "casos pontuais". Sustenta que a média salarial é de R$ 3 mil:

— Isso existe, sim. Esses casos são da época em que todos os funcionários públicos incorporavam parcelas de salários nos cargos pelos quais passavam. Aí vai aumentando o total. Como representantes dos trabalhadores, não concordamos com isso. Essas pessoas precisam de um PDV ou de um pulso de gestão.

A coluna estranhou um sindicalista sugerindo PDV e perguntou a Wünsch se um programa desse tipo seria bem-vindo. 

— Como essas pessoas são consideradas um peso, poderiam ofertar algo. O sindicato aprovou um PDV no governo Tarso em acordo coletivo, para quem quisesse sair. Mas  tem de ser um PDV decente, para quem quer ir ao fundo de pensão. 

O Sindiágua pediu adiamento da audiência de conciliação prevista para a quinta-feira (16) e até agora não obteve liminar. Segundo Wünsch, caso seja mantida o sindicato vai comparecer "só para ouvir", porque não teve tempo de elaborar qualquer proposta.  

Fonte: GZH
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