O Tribunal do Júri condenou, na madrugada desta sexta-feira (26), o último réu do caso Ronei, crime ocorrido em 2015 na saída de uma festa em Charqueadas, na Região Carbonífera. Na ocasião, Ronei Faleiro Júnior, 17 anos, o pai (Ronei Wilson Faleiro) e um casal de amigos (Richard Saraiva de Almeida e Francielle Wienke) foram agredidos a socos, chutes e golpes com garrafas por um grupo de mais de 15 pessoas, entre adultos e adolescentes. O réu Rafael Trindade de Almeida, 28 anos, foi condenado por tentativa de homicídio contra Francielle e teve os crimes reclassificados para lesão corporal seguida de morte contra Ronei Júnior e lesão corporal leve no caso de Richard e do pai de Ronei (entenda abaixo).

O julgamento ocorreu em Charqueadas, município no qual Ronei residia. O júri iniciou na manhã de quinta-feira e se estendeu até pouco depois da 1h20min de sexta.

Entenda a sentença

O júri foi presidido pela juíza Flávia Paese Vaz Ribeiro Vanoni. No caso de Ronei Júnior, a magistrada, atendendo ao veredito dos jurados, reclassificou o crime do réu para lesão corporal seguida de morte, com pena fixada em seis anos e oito meses de reclusão. 

Nos outros dois casos, a reclassificação foi para lesão corporal leve, com punibilidade extinta por conta do tempo que passou desde o crime.

Pela tentativa de homicídio em relação a Francielle, a juíza aplicou pena de três anos, 11 meses e cinco dias.

Desse modo, a pena total de Rafael é de 10 anos, sete meses e 15 dias de reclusão. Considerando o período em que o réu permaneceu em prisão preventiva e domiciliar, o tempo inicial de cumprimento é de dois anos, 10 meses e 16 dias, em regime aberto. Rafael poderá aguardar eventuais recursos em liberdade.

Em 2022, outros nove réus foram condenados a penas que variam de 35 a 41 anos de prisão. Rafael havia sido denunciado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul depois, por isso, respondia em um processo separado dos demais envolvidos no crime. 

Relembre o caso

O assassinato do adolescente chocou o Estado e teve repercussão nacional em razão da violência. O rapaz, o pai e o casal de amigos foram agredidos a socos, chutes e golpes com garrafas por um grupo de mais de 15 pessoas, entre adultos e adolescentes.

O crime aconteceu em 1º de agosto de 2015. As agressões ocorreram quando o pai de Ronei Júnior foi ao local da festa para buscar o filho e os dois amigos. Os agressores atacaram quando eles embarcavam no veículo da família. Ronei Júnior chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.

Segundo o Ministério Público do Rio Grande do Sul, os suspeitos teriam como alvo o amigo do adolescente. A motivação seria o fato de este amigo ser de outro município, São Jerônimo. Havia rixa entre o Bonde da Aba Reta — grupo do qual os réus faziam parte — e os moradores da outra cidade. 

Câmeras de monitoramento da cidade gravaram a sequência de violência. As imagens contribuíram para identificação dos participantes do crime. Mensagens de WhatsApp, trocadas entre os agressores, nas quais se vangloriavam pelo feito, também foram utilizadas como provas para as condenações.