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30/07/2024 | 06:27 | Política

Governo Leite faz nova tentativa de votar reajustes e mudanças em carreiras do funcionalismo

Após recuo no dia 19, Piratini fez ajustes no projeto e nova sessão extraordinária foi marcada para esta terça-feira. Sindicatos de servidores consideram propostas insuficientes, enquanto entidades empresariais criticam aumento na folha. Parte da oposição ainda tenta barrar nova votação

Após recuo no dia 19, Piratini fez ajustes no projeto e nova sessão extraordinária foi marcada para esta terça-feira. Sindicatos de servidores consideram propostas insuficientes, enquanto entidades empresariais criticam aumento na folha. Parte da oposição ainda tenta barrar nova votação
Marcelo Oliveira/Agência ALRS

Após tentativa frustrada há 10 dias, o governo Eduardo Leite fará nova investida nesta terça-feira (30) para tentar aprovar o projeto que concede reajustes a servidores, modifica carreiras do funcionalismo estadual e autoriza contratações temporárias. A sessão extraordinária está agendada para as 14h15min e as discussões devem se estender até o início da noite. O texto abrange mais de cem mil servidores, entre ativos e inativos.

Na última sexta-feira (26), Leite retirou o projeto enviado no dia 17 e encaminhou outro texto de teor semelhante à Assembleia. Chama atenção a estimativa de repercussão financeira, que pulou de R$ 4,5 bilhões para R$ 8 bilhões nos próximos três anos.

Principal foco de reclamações, o reajuste para as forças da segurança pública foi mantido em 12,49%, repartido em três parcelas. O governo topou antecipar a primeira, de janeiro de 2025 para outubro deste ano, mas a providência depende de aval do Ministério da Fazenda. Por outro lado, o Piratini ainda incluiu no texto a contratação de 3 mil militares temporários e se comprometeu a enviar ao Legislativo, em agosto, outros projetos para beneficiar as corporações.

O desenho de alteração nas carreiras concede ganho salarial para a maior parte das categorias abrangidas, dentre as quais estão analistas, técnicos de nível médio, servidores de escola, engenheiros e funcionários de autarquias.

As novas remunerações foram calculadas para fazer frente ao que é pago para funções equivalentes em outros Estados e na União. Sem percentual fixo, a valorização é diferente em cada carreira e varia de acordo com o enquadramento do servidor na nova estrutura.

Apesar das alterações feitas, diferentes categorias ainda pleiteiam mudanças no projeto, cada qual com reclamações específicas sobre o enquadramento nas novas carreiras e os critérios remuneratórios.

Enquanto os servidores pressionam por medidas mais generosas, as maiores federações empresariais do Estado emitiram nota pedindo a rejeição do projeto, criticando o aumento nos gastos públicos logo após o desastre climático.

A despeito das reivindicações de parte a parte, o líder do governo, Frederico Antunes (PP), demonstra disposição em levar o texto à votação nesta terça. 

— A decisão está nas mãos dos deputados. Os servidores podem querer um pouco mais, mas sinto que não querem perder essa oportunidade. Certamente haverá sugestões e emendas, mas o governo está com disposição de votar o que está escrito (no projeto) — afirma o deputado.

Reações

Apesar do desejo do governo, ainda há queixas entre deputados a respeito da tramitação abreviada, alimentando rumores de um novo adiamento. As reclamações passam inclusive pelo PP, maior bancada da base aliada. Procurado, o líder da bancada, Guilherme Pasin, preferiu não falar com a reportagem.

O clima é diferente no MDB, outro aliado do Piratini. Conforme o deputado Edivilson Brum, líder do partido, há disposição em aprovar o projeto nesta terça:

— O governo construiu um projeto que não é ideal, mas é o possível de acordo com o orçamento.

Maior partido de oposição, o PT marcou reunião ao meio-dia para fechar posição. Líder da bancada, Miguel Rossetto diz que a "janela política" para analisar o projeto vai até o final de agosto, mas evita antecipar a tendência e diz que a orientação dependerá de eventuais ajustes ao texto.

Conforme Rossetto, a bancada apresentará emendas para garantir elevação salarial para todos os servidores incluídos do projeto. O índice proposto será de 16,72%, correspondente à inflação projetada entre 2023 e 2026.

— Estamos aguardando modificações. No caso da Brigada Militar, 30% dos servidores teriam reajuste zero com esse projeto por conta da parcela de irredutibilidade (que seria absorvida pelo subsídio) — exemplifica Rossetto.

Pela direita, Rodrigo Lorenzoni (PL) e Felipe Camozzato (Novo) pediram a convocação de uma reunião de líderes antes da sessão para tentar impedir a votação. Ambos são críticos do impacto fiscal e indicam voto contrário ao projeto.

— Até o momento, esse projeto não está sendo bom para as categorias, para a sociedade, nem para o parlamento, que está pressionado a votar algo às escuras. Está sendo bom só para o governador, e isso não é correto — reclama Lorenzoni.

Se não conseguir apreciar o projeto nesta terça, o governo ainda terá chance de chamar nova sessão para quarta-feira (31), último dia do recesso. O Piratini tem pressa na votação porque, em agosto, o Estado deverá ultrapassar o limite de gastos com pessoal previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

O que está em jogo

Principais pontos do projeto enviado pelo governo:

  • Alteração na estrutura de carreiras e no sistema de promoções e progressões — avanços serão atrelados ao desempenho
  • Melhoria na remuneração dos servidores, alinhando o que é pago em outros Estados e na União
  • Adoção do pagamento por subsídio, incorporando atuais salários e gratificações relativas à carreira
  • Carreiras serão escalonadas em seis graus (de A a F), com três níveis (I, II e III) em cada um deles
  • Reajuste de 12,49% para a segurança pública, repartido em três parcelas
  • Criação de 102 funções gratificadas (FGs) para a Defesa Civil
  • Autorização para contratação de 2,5 mil servidores temporários para auxiliar na reconstrução, além de 3 mil militares temporários para Brigada Militar e Corpo de Bombeiros

O que ficou para agosto

  • Reestruturação da Agergs, agência responsável por fiscalizar serviços públicos concedidos à iniciativa privada
  • Criação de sobreaviso remunerado de 1/3 da hora extra para a Polícia Civil
  • Extinção do Nível III da carreira de soldados na Brigada Militar e no Corpo de Bombeiros
  • Criação de Funções Gratificadas, sendo 239 na Polícia Civil, 64 no Corpo de Bombeiros e 139 na Brigada Militar
  • Ajustes na remuneração de profissionais e aumento de vagas em classes superiores no Instituto-Geral de Perícias (IGP) 
  • Ampliação do quadro da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), com mais 500 agentes penitenciários e 50 agentes administrativos
Fonte: GZH
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