12/09/2024 | 05:59 | Polícia
De acordo com a Polícia Civil, população deve ficar atenta e não fornecer informações pessoais sensíveis a qualquer pessoa
Um crime antigo que ainda faz vítimas: assim a Polícia Civil descreve o golpe da compra e venda de carros online. A fraude tem chamado a atenção das autoridades e causado vítimas em todo o Rio Grande do Sul através de uma estratégia sofisticada que envolve clonagem de dados e anúncios falsos.
O esquema veio à tona após um morador de Porto Alegre, que pediu para não ser identificado, relatar à Polícia Civil que foi vítima de um golpe.
Em entrevista a GZH Passo Fundo, ele contou que procurava um novo veículo em sites de venda depois que teve seu carro danificado na enchente que causou mortes e estragos em maio, no Rio Grande do Sul.
Ao procurar no marketplace do Facebook, encontrou um Ford Focus 2011 que parecia estar dentro do orçamento. Segundo ele, o suposto vendedor alegava residir em Passo Fundo e foi bastante convincente.
Na negociação, o comprador pediu que o vendedor mostrasse o veículo a um conhecido que mora em Passo Fundo. Quem oferecia o automóvel, porém, recusou e disse que apenas o comprador original poderia ver o veículo.
Depois de muita insistência, o golpista "cedeu" e exigiu uma foto da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do comprador como prova de identidade. Com o documento em mãos, o falso vendedor bloqueou a vítima depois de enviar uma última mensagem: "agora já tenho o que eu precisava".
O morador de Porto Alegre registrou um boletim de ocorrência em 13 de agosto e chegou a conversar com outras vítimas do mesmo golpe. É o caso de Felipe Barbosa, 28 anos, morador de Passo Fundo.
Ele anunciou sua caminhonete em um site de vendas e recebeu uma oferta de um suposto comprador que alegava ser o morador de Porto Alegre enganado anteriormente.
Na ocasião, o golpista pediu fotos e vídeos do veículo para repassar a um terceiro interessado. Felipe, desconfiado, conseguiu falar com o morador de Porto Alegre via Instagram e confirmou que a situação se tratava de uma fraude.
— Eles pegam as fotos e vídeos do veículo que você envia e depois mandam para uma terceira pessoa, que é quem acaba caindo no golpe. Depois disso, o golpista pede para você retirar o anúncio original e então cria um novo, falso, usando as mesmas informações, fotos e vídeos que você passou para ele — explica Felipe.
Após perceber a fraude, o passo-fundense foi bloqueado pelos golpistas e não conseguiu mais contatá-los.
Esse golpe é um exemplo claro da evolução das fraudes digitais, onde os criminosos utilizam métodos cada vez mais sofisticados para enganar suas vítimas. O delegado regional da Polícia Civil, Adroaldo Schenkel, alertou sobre a complexidade do esquema:
— Esse golpe é antigo, mas ainda faz vítimas. É uma verdadeira "engenharia" na história. O estelionatário cria histórias diferentes para o dono e para o comprador do carro, com pequenas variações de enredo, dizendo aos dois que o outro não pode saber o valor que está sendo negociado. O comprador pode ver o item com um, mas mandar o pagamento para outro — relatou Schenkel.
De acordo com ele, a orientação é manter o jogo aberto entre todos os envolvidos, não acreditar em histórias de que "o outro não pode saber detalhes" e pagar somente ao efetivo dono do bem que está comprando, nunca para conta de terceiros.
— Se ambos conversarem abertamente, ficará claro que a conta não fecha — completou o delegado.
O delegado Diogo Ferreira, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Passo Fundo, relatou que o marketplace do Facebook é utilizado com frequência para golpes e até furto de carros.
Diante disso, autoridades investigam o caso e alertam que é fundamental que os cidadãos estejam vigilantes e adotem medidas preventivas para evitar cair em golpes semelhantes. As principais dicas incluem: