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25/11/2024 | 05:31 | Política

Orsi vence segundo turno e esquerda volta ao poder no Uruguai

Professor de história, de 57 anos, pupilo de Pepe Mujica, sucederá ao presidente Luis Lacalle Pou no dia 1º de março

Professor de história, de 57 anos, pupilo de Pepe Mujica, sucederá ao presidente Luis Lacalle Pou no dia 1º de março
Orsi é representante da Frente Ampla, partido de esquerda. SANTIAGO MAZZAROVICH / AFP

Yamandú Orsi, pupilo do ícone da esquerda José "Pepe" Mujica, é o novo presidente do Uruguai, depois de vencer o segundo turno neste domingo (24) contra o candidato do partido governista de centro-direita Álvaro Delgado, segundo resultados oficiais. 

Com 94,4% dos circuitos eleitorais apurados, Orsi obteve 1.123.420 votos, contra 1.042.001 de Delgado, informou o Tribunal Eleitoral.

— Vou ser o presidente que convoca uma e outra vez o diálogo nacional para encontrar as melhores soluções, claro, com nossa abordagem, mas também ouvindo muito bem o que os outros nos dizem — afirmou Orsi, após a confirmação da vitória.

Delgado reconheceu a vitória de Orsi após a divulgação das projeções das pesquisas.

— Hoje os uruguaios definiram quem exercerá a Presidência da República. E quero enviar aqui, com todos esses atores da coalizão, um grande abraço e saudações a Yamandú Orsi — disse Delgado, cercado pelos parceiros da aliança governante que o apoiou no segundo turno.

Buzinas e gritos de euforia eclodiram na capital Montevidéu, reduto da Frente Ampla no país, quando as projeções foram divulgadas.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, parabenizou Orsi na rede X. "Essa é uma vitória de toda a América Latina e do Caribe. Brasil e Uruguai seguirão trabalhando juntos no Mercosul e em outros fóruns pelo desenvolvimento justo e sustentável, pela paz e em prol da integração regional", afirmou.

Com Orsi, a Frente Ampla retorna ao governo que perdeu em 2020 após três mandatos consecutivos, um deles sob Mujica (2010-2015).

Quem é Yamandú Orsi

Este professor de história, de 57 anos, sucederá ao presidente Luis Lacalle Pou no dia 1º de março. O atual presidente tem nível de aprovação próximo de 50%, mas era constitucionalmente impedido de buscar uma reeleição imediata.

Orsi, ex-prefeito do departamento de Canelones, entrou na disputa à frente em todas as pesquisas anteriores, mas seguido de perto por Delgado, por uma diferença que estava dentro da margem de erro.

— Foi uma eleição apertada — disse o diretor da Equipos Consultores, Ignacio Zuasnabar. 

No primeiro turno, em 27 de outubro, Orsi teve 17,2 pontos percentuais a mais que Delgado, que no segundo turno contou com o apoio de todos os partidos da coalizão governista, que juntos haviam obtido 47,7% dos votos na primeira etapa do pleito.

Sem mudança radical

O Uruguai, a democracia mais sólida da América Latina, tem uma alta renda per capita e níveis mais baixos de pobreza e desigualdade em comparação com o resto da região. 

Mas o elevado custo de vida e a criminalidade estão no centro das preocupações dos eleitores neste país agrícola, com 3,4 milhões de habitantes e 12 milhões de cabeças de gado.

— Para os trabalhadores, estes cinco anos (de governo Pou) não foram nada bons — disse Gustavo Maya, entregador de gás de 34 anos, que apoia Orsi.

— Ando o dia todo na rua e o que me preocupa muito é a insegurança — reclamou. 

William Leal, pedreiro de 38 anos, apoiou Delgado.

— Quero que este governo continue porque houve muito mais trabalho no setor da construção — disse.

Após votar na cidade de Canelones, 50 quilômetros ao norte de Montevidéu, Lacalle Pou garantiu uma transição "com a maior informação possível".

Orsi, que votou muito próximo do circuito do presidente, disse que espera encontrar-se "o mais rápido possível" com Lacalle Pou. 

Nenhum dos dois blocos terá maioria parlamentar, já que nas eleições de outubro a Frente Ampla conquistou 16 das 30 cadeiras no Senado, e a coalizão governista, 49 dos 99 assentos na Câmara dos Deputados. 

— Todos concordamos com a necessidade de acordos — disse Orsi. 

Os analistas não preveem uma mudança de rumo: Orsi prometeu "uma mudança segura que não será radical".

Fonte: GZH
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