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18/03/2025 | 08:41 | Polícia

Polícia faz ação em quatro Estados contra facção do Vale do Sinos envolvida em tráfico, agiotagem e extorsões

São cumpridas 88 ordens judiciais no total, sendo 41 de prisão. Ofensiva tem como objetivo desarticular essa parte da organização criminosa

São cumpridas 88 ordens judiciais no total, sendo 41 de prisão. Ofensiva tem como objetivo desarticular essa parte da organização criminosa
Ofensiva é realizada em 23 municípios. Ronaldo Bernardi / Agência RBS

Em julho do ano passado, ao longo de 16 horas, policiais civis monitoraram um possível carregamento de entorpecentes que seria entregue em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana. Viraram a madrugada em campanas, até interceptarem às 10h um furgão branco, que estava prestes a ingressar num pavilhão que serviria de depósito de drogas para uma facção. Dentro do veículo, foram encontrados 400 quilos de maconha. 

Aquela apreensão deu início a uma investigação que culminou na operação realizada na manhã desta terça-feira (18), em 23* municípios, localizados em quatro Estados. Além do RS, as ordens judiciais são cumpridas em Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso. Ao todo, são 41 mandados de prisão e 45 ordens de busca, além da apreensão de dois veículos. Até o início desta manhã, havia 31 pessoas presas.

Segundo o delegado Carlos Wendt, diretor do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), além das prisões, também houve apreensão de armas e drogas, que ainda são contabilizadas. 

O alvo da Operação Porta Fechada é uma facção do Vale do Sinos, envolvida no tráfico de drogas e outros crimes, como agiotagem e extorsões. A partir daquela apreensão, que resultou na prisão de um homem em flagrante e na apreensão de um celular, a equipe do Denarc descobriu uma série de outras pessoas que estariam envolvidas nos esquemas mantidos pelo grupo criminoso.

— Essa organização criminosa é voltada para o tráfico. Mas temos também crimes identificados como extorsões e golpes, que criminosos dessa organização utilizavam para angariar recursos para sustentar o tráfico de drogas. Foi identificado também o uso de emprego lícitas para incorporar e recolocar dentro da organização. Algumas empresas, como uma empresa que gerencia cantinas em presídios foram identificadas — explica a delegada Ana Flávia Leite. 

A ofensiva, desencadeada pela 2ª Delegacia de Repressão ao Narcotráfico, tem como objetivo desarticular essa parte da organização criminosa, prender integrantes, apreender bens e valores, com intuito de descapitalização do grupo, que atua, de forma articulada, em diferentes crimes.

— As investigações revelaram uma organização criminosa altamente estruturada e especializada em diversos crimes, como tráfico de entorpecentes, associação para o tráfico, agiotagem, organização criminosa, adulteração de sinal identificador de veículos e outros delitos relacionados. Essa organização atuava não só no Rio Grande do Sul, mas também em outros Estados — explica o delegado Alencar Carraro, responsável por coordenar a operação.

A maior concentração dos crimes cometidos pelo grupo se dava, segundo a polícia, em Sapucaia do Sul e outros municípios da Grande Porto Alegre, considerados redutos do tráfico e de outros delitos.

Extorsões e golpes

Segundo a delegada Ana Flávia Leite, do Denarc, que integra a operação, integrantes da organização realizavam diversos tipos de golpes, visando enganar e retirar recursos de vítimas. Esses valores obtidos eram, então, transferidos para contas de "laranjas" – pessoas que agiam como intermediárias – com o intuito de mascarar a origem do dinheiro e dificultar o rastreamento dos recursos ilícitos.

— Os alvos da operação são as pessoas que cedem as contas para as transações financeiras, são as pessoas que estão no tráfico, tem transportador, tem gerentes, e a maior parte são as pessoas que controlam o esquema envolvendo cantinas em prisões aqui do Estado — afirma a delegada.

Nas cadeias

Além do tráfico de drogas, foi identificado que a organização criminosa mantinha um esquema que envolveria as principais lideranças presas. Do interior dos presídios, esses líderes davam ordens a colaboradores externos que gerenciavam o tráfico de drogas nas ruas e o controle das distribuições, mantendo o funcionamento do esquema em diversas regiões.

Um dos pontos investigados pela operação é o vínculo entre o grupo criminoso e integrantes de uma empresa que mantém a concessão para comercializar produtos em diversas prisões do Estado. A investigação indica que a facção aplicava golpes e extorsões, e que entre os beneficiários dos valores obtidos estavam essa empresa do setor alimentício, que fornece produtos para as cantinas de prisões, por meio de contrato com o governo do Estado.

Cinco toneladas de maconha

A investigação apontou ainda que essa mesma organização fazia transportes de grandes quantidades de entorpecentes. Numa das apreensões, em junho do ano passado, a Polícia Rodoviária Federal localizou uma carga de cinco toneladas de maconha, com valor estimado em ao menos R$ 10 milhões.

A droga estava escondida no tanque de uma carreta de transporte de óleo vegetal. A descoberta se deu na BR-386, no município de Sarandi, no norte do Estado. Essa foi a maior apreensão de drogas da Polícia Rodoviária Federal em 2024. Segundo os policiais rodoviários, a droga tinha como destino a região metropolitana de Porto Alegre. O motorista de 35 anos e a passageira de 29, do Mato Grosso, foram presos.

A operação

  • 24 mandados de prisão preventiva
  • 17 mandados de prisão temporárias
  • 45 mandados de busca e apreensão
  • 200 policiais

Crimes: organização Criminosa, tráfico de drogas, associação para o tráfico, agiotagem, extorsão e adulteração de sinal de veículo

*Onde

No RS

Porto Alegre, Viamão, Guaíba, Canoas, Sapucaia do Sul, Esteio, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Charqueadas, Lajeado, Cruzeiro do Sul, Capão da Canoa e Erechim

Fora do RS

Em Maringá e Sarandi, no Paraná, em Cuiabá, no Mato Grosso, em Palhoça e Passo de Torres, em Santa Catarina.

* Alguns mandados são cumpridos dentro de unidades prisionais

Denuncie

Informações podem ser repassadas ao Denarc, inclusive de forma anônima, pelo telefone 08000 518 518.

Fonte: GZH
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